Este documentário tem como ponto de partida uma entrevista inédita realizada com Nikias Skapinakis, em 2007, que reveste a maior importância por ser um dos raros depoimentos filmados que o artista consentiu. Ao longo de 35 minutos somos guiados pelo pensamento e pelas ideias do artista português de ascendência grega, em torno da arte em geral, mas também sobre a obra que construiu ao longo de sete décadas.

Nos anos 70, Nikias Skapinakis propôs-se analisar conceptualmente certos aspetos da transformação da sociedade portuguesa, nomeadamente no que respeitava ao lugar da Mulher e à sua ascensão relativamente à sua dependência tradicional, disso são exemplo os retratos colectivos “Para o Estudo da Melancolia em Portugal”, os “Caminhos da Liberdade” ou as “Metamorfoses de Zeus”.

O artista foi, durante décadas, desde a sua juventude e até ao 25 de Abril, um convicto antifascista e um opositor ativo do regime, além de ter sido sempre um combatente pela liberdade. Perseguido pela PIDE durante o Salazarismo foi prisioneiro político em 1962 durante seis meses na prisão do Aljube.

Após o 25 de Abril, integrou o Movimento Democrático dos Artistas Plásticos e participou em ações durante o período revolucionário. Uma das suas obras mais emblemáticas deste período é “Delacroix no 25 de Abril em Atenas” (1975) e faz parte da exposição atualmente apresentada em Serralves “Pré/Pós – Declinações Visuais do 25 de Abril”.

A projeção do filme será seguida de uma conversa sobre o artista Nikias Skapinakis pelo crítico de arte  António Cerveira Pinto e pelo ensaísta e crítico de arte Bernardo Pinto de Almeida.