C.A.S.A. Coleção Álvaro Siza, Arquivo

Museu - Ala Álvaro Siza
24 FEV 2024 - AGO 2024
C.A.S.A. Coleção Álvaro Siza, Arquivo

A CASA, enquanto arquétipo, está na génese de toda a arquitetura. Do abrigo primordial até aos domicílios contemporâneos, a humanidade tem preenchido o seu mundo de casas — unidade essencial dos tecidos urbanos e rurais, da vida familiar e coletiva. No entanto, o habitar transcende hoje a aparente simplicidade do lar para abranger ambientes de trabalho, espaços ecuménicos, edifícios de ensino e entretenimento, entre tantos outros.


Não é surpreendente, portanto, que este caráter antropocêntrico e multifacetado do viver em comunidade esteja tão profundamente radicado na obra de Álvaro Siza. Como a maioria dos arquitetos, Siza iniciou a sua carreira com projetos caseiros e de pequena escala: da cozinha da avó ao portão do tio. Os primeiros encargos privados e públicos foram um conjunto de Quatro Casas, relativamente próximo de seus pais, e uma Casa de Chá, do outro lado do rio Leça, enfrentando o Atlântico.


Esta exposição centra-se assim no Arquivo Álvaro Siza da Fundação de Serralves, particularmente nas experiências seminais das primeiras casas, bem como nos projetos de habitação social do pós-Revolução que arrebataram a Europa, e na criação de uma espécie de Casa para a Cidade, na inacabada Avenida da Ponte, ou de uma Casa para a Nação, no então vazio Pavilhão de Portugal. Mais tarde, Siza proporia Casas para a própria Arquitetura, uma não construída na sua terra natal, Matosinhos, outra recentemente concluída no Parque de Serralves.


Com um piso dedicado à arquitetura, a Ala Álvaro Siza foi construída para ser a Casa da Coleção. Daí que o primeiro e principal segmento da exposição tenha como título “Regressar a Casa”, revelando a maior concentração global de projetos sizianos. Serralves tem tido, afinal, um papel crucial em contrariar o antiquíssimo provérbio: ninguém é profeta na sua terra. Da renovação da Casa de Serralves até à construção da Casa do Cinema ou da Casa dos Jardineiros, a Fundação foi-se tornando uma segunda casa para o seu arquiteto, cujo 90.º aniversário se prolonga até aos 25 anos do Museu.


A exposição não poderia pois deixar de se intitular CASA, palavra única mas de sentido duplo, um acrónimo de “Coleção Álvaro Siza, Arquivo”. A mostra incluirá um amplo espectro de projetos para lá dos muros de Serralves, outras Casas de Cultura, Casas de Conhecimento, Casas de Fé, Casas de Lazer, Casas de Comércio, Casas de Família, Casas do Povo, Casas de Trabalho. O escritório de Siza é, por vezes, mais a sua casa do que o apartamento onde habita e por isso os noves segmentos da exposição — um para cada década da sua vida — serão complementados pela arte que o arquiteto produz à parte, por puro prazer, e que generosamente doou à Coleção de Serralves.


A exposição tem a curadoria de António Choupina

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