ANSCHOOL II - THOMAS HIRSCHHORN

de 05 NOV 2005 a 05 MAR 2006
Actividades Relacionadas Nota Biográfica Thomas Hirschhorn (1957,Berna, Suiça) estudou design gráfico na Schule fur Gestaltung, em Zurique, onde obtém uma formação centrada nos princípios da Bauhaus. Depois de terminar os seus estudos em 1984, instala-se em Paris, cidade onde toma contacto com o colectivo “Grapus”, constituído por um grupo de designers gráficos que fazia cartazes para o partido comunista. Hirschhorn afasta-se progressivamente do trabalho como designer, face à pressão “comercial” desta actividade. Em 1986 realiza a sua primeira exposição individual no Bar Floréal, em Paris. A sua obra já foi apresentada em instituições como a Tate Modern, o Centro Georges Pompidou, o Art Institute of Chicago, o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, e eventos como a Bienal de Veneza (1999) e a Documenta de Kassel (2002). Actualmente vive e trabalha em Paris. Roteiro da Exposição

“Um artista precisa de ser capaz de fazer um gesto ousado, de ser corajoso. A arte proporciona resistência. A arte não é activa nem passiva, a arte ataca – através do meu trabalho artístico debato-me com a realidade em toda a sua complexidade, macicez e incompreensibilidade.”
Thomas Hirschhorn


Em Anschool II Thomas Hirschoorn revisita e reapresenta trabalhos realizados entre 1992 e 2005, na continuidade do projecto apresentado no Bonnefantenmuseum, na Holanda (2005). O espaço do Museu é transformado naquilo que poderia ser uma escola, com salas equipadas com cadeiras, bancos, mesas, globos, mapas, televisores e textos impressos. Anschool é um termo criado por Hirschhorn para designar uma “não escola”, que rejeita os princípios de transmissão e formatação do pensamento, na perspectiva de interrogar as possibilidades de acessibilidade democrática ao conhecimento e à experiência.

Para Hirschhorn, a arte é inseparável da crítica política e social. Através do uso de elementos do dia a dia, de materiais precários, “pobres”, da organização de arquivos de imagens e textos, o artista denuncia a natureza consumista da sociedade contemporânea, dominada por informações e factos manipulados pelos media. Os materiais com que trabalha são aqueles que encontra à sua volta: cartão, jornais, plástico, folhas de alumínio, fita adesiva, fotocópias com frases manuscritas. As influências frequentemente referidas vão dos construtivistas russos a Kurt Schwitters, de Andy Warhol a Joseph Beuys.

O artista recusa o vocabulário formal tradicionalmente estabelecido pelas belas-artes, e desestabiliza as categorias de “escultura” e de “instalação”. Esta estratégia já estava presente nos “altares” construídos em espaços públicos, tais como os que dedicou a Raymond Carver (Fribourg, 1998) ou a Piet Mondrian (Geneve, 1997), entre outros. A criação de “Monumentos” que homenageiam autores cujo pensamento é incontornável para uma análise crítica do século XX – “Monumento Deleuze” (Avignon, 2000) e “Monumento Bataille” (Kassel, 2002), este último instalado num bairro social da cidade de Kassel – sublinham, na sua “crua banalidade”, a convicção de que a arte é acima de tudo um acto de resistência.

O percurso expositivo em Anschol II confronta o espectador com uma situação confusa e caótica, em que este se vê impossibilitado de assimilar todas as informações numa só leitura: a sobreposição de signos, logótipos, publicidade, textos do artista, de filósofos e poetas, ao lado de factos dramáticos, como a tortura e a guerra. Para o artista é importante mobilizar o público em torno de memórias colectivas, para lutar contra formas de opressão e alienação. A arte é para Hirschhorn uma máquina de guerra.

A sua obra anuncia uma série de estratégias de infiltração, de actos de guerrilha e de “sabotagem” da realidade. Esta posição não reivindica uma solução para os problemas do mundo, mas sim a criação de um espaço aberto, de reflexão e discussão, convocado através do desvio de situações, do humor, da ironia das palavras e das imagens. Neste sentido, a obra apresenta-se como algo que está em processo, deixando ao espectador a possibilidade de se implicar (ou não) nesta relação.  

Thomas Hirschhorn afirma que não faz arte política, faz arte politicamente. Em cada trabalho encontramos uma atitude crítica face às estruturas de poder dominantes, bem como às estratégias de acumulação do lucro – como por exemplo em Time To Go e Pilatus Transformator, 1997, com a fetichização do objecto de consumo de luxo (os relógios da marca Suiça Rolex). A este “espírito do tempo” o artista contrapõe a utopia e o empenhamento na transformação da realidade social - “combater, atingir, afectar” - num projecto artístico em que a arte é uma ferramenta para encarar o mundo.

Bibliografia Thomas Hirschhorn, Phaidon Press Limited, London 2004.
Thomas Hirschhorn, Jumbo Spoons and Big Cake, The Renaissance Society at the Art Institute of Visitas Orientadas

08 NOV 2005 (Ter), 18h30
por João Fernandes

05 JAN 2006 (Qui), 18h30
por Miguel Pérez

Imagens







ANSCHOOL II - THOMAS HIRSCHHORN
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