O Serviço Ambulatório de Apoio Local (SAAL) é o objeto da exposição Processo SAAL, Arquitetura e Participação 1974-1976 que o Museu de Serralves apresenta de 31 de outubro de 2014 a 1 de fevereiro de 2015. O SAAL foi um enorme processo coletivo que envolveu brigadas lideradas por arquitetos (e que incluíam assistentes sociais, engenheiros e juristas), estudantes de arquitetura – que fizeram a sua formação no contacto direto com as populações carenciadas dos bairros – e, claro, os moradores dos bairros da lata ou das ilhas que encontraram aqui uma dinâmica de solução para os problemas graves de carência habitacional em que viviam.Nos 40 anos que nos separam do lançamento deste projeto inovador e complexo, que transformou o entendimento da arquitetura em Portugal, foi-se construindo um valor simbólico associado à produção de uma interessante iconografia fílmica que construiu o imaginário que hoje foi sendo veiculado do processo social, político e arquitectónico desses anos tão intensos.O Museu de Serralves, em simultâneo com a exposição, organizou um ciclo de filmes que pretende contribuir para desenhar o contexto no qual o SAAL se afirmou, as suas vicissitudes, virtudes e fragilidades.Assim, não só serão apresentados filmes oriundos da dinâmica do próprio processo e que estabeleceram o seu imaginário, como também outros filmes anteriores que contribuem para fazer um mapa da modernidade da cinematografia que retratava um país e as suas carências (como D. Roberto (1962), de Ernesto de Sousa e Belarmino (1964), de Fernando Lopes). O ciclo estende-se até à produção filmográfica mais recente, desde As Operações SAAL, de João Dias até às curtas- metragens de Filipa César e Catarina Alves Costa.Organizado em sessões intensas, sempre acompanhados do comentário por protagonistas do processo, observadores privilegiados ou os próprios autores dos filmes, o ciclo constituirá um complemento essencial à reflexão que a exposição propõe, contribuindo para o debate sobre este momento da nossa história coletiva.Delfim Sardo
Sessão apresentada e comentada por Alexandre Alves Costa e André Tavares: - "Porto, 1975”, Filipa Cesar, 2011, 10’ (Cortesia Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa)- "Paredes Meias”, Pedro Mesquita, 2009, 53’
Colaboração