A Bienal de São Paulo foi fundada em 1951 e é a segunda bienal mais antiga do mundo a seguir à Bienal de Veneza, que foi inaugurada em 1885 e lhe serviu de modelo. A bienal tem como objetivo aproximar a arte brasileira do público internacional e vice-versa. Esta será a primeira vez nos seus mais de 60 anos de história que a Bienal de São Paulo viaja para fora do Brasil.A investigação que a exposição faz do potencial revelador da arte está a ser reconfigurada de acordo com o contexto físico, social e cultural da cidade do Porto e do Museu de Serralves. As obras de arte selecionadas, desde pinturas e esculturas até vídeos e instalações, condensam as ideias da exposição brasileira e centram-se no modo como a arte pode alterar formas de pensar o mundo. Imaginando modelos de vida e sociedade que são diferentes ou (ainda) não existem, as obras de arte questionam a autoridade da religião, da história e dos sistemas de controlo e apontam de que modo ela poderia ser diferente. O título da exposição está, ele próprio, em constante transformação, com o verbo mutante a sugerir alguns dos muitos e diferentes tipos de experiência da arte enquanto processo de devir.
A apresentação de "Como (…) coisas que não existem” no Museu de Arte Contemporânea de Serralves integra o PROGRAMA NO TEMPO, uma série de discussões especialmente comissariadas que decorrerão em três momentos da exposição. Esse programa baseia-se na investigação exaustiva levada a cabo pelos curadores da Bienal no Porto e em Lisboa, a qual incluiu encontros com jovens artistas, ativistas e investigadores, bem como visitas a espaços expositivos independentes, universidades e cooperativas artísticas. Abordará os temas importantes que dão forma a este projeto: Da Educação, Colonialismo Invertido e O Direito à Cidade: Criminalização da Pobreza.
"Como (…) coisas que não existem - uma exposição desenvolvida a partir da 31ª Bienal de São Paulo” é comissariada por Charles Esche, Galit Eilat e Oren Sagiv, com o apoio dos curadores de Serralves Ricardo Nicolau e Paula Fernandes, e organizada pela Fundação Bienal de São Paulo em colaboração com o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto. Em São Paulo, a exposição foi adicionalmente comissariada por Nuria Enguita Mayo, Pablo Lafuente com Benjamin Serrousi e Luiza Proença. A mostra foi premiada na III Convocatória Ibero-Americana de Projetos de Curadoria, Conversaciones, realizada pelo Programa Ibermuseus.
Apoio: Ministério da Cultura do Brasil
Imagem: Prabhakar Pachpute, Imagem desenvolvida para a identidade visual da 31ª Bienal de São Paulo, 2014. Cortesia do artista e Fundação Bienal de São Paulo
Actividades Relacionadas
INAUGURAÇÃO: 01 OUT (QUI), 22H00, ENTRADA LIVRE
PROGRAMA NO TEMPO: CONFERÊNCIAS E SIMPÓSIOS
2 OUT (SEX), 18h30, Galerias do MuseuConferência "A Bienal de São Paulo”Por Fábio Cypriano, professor da Pontifícia Universidade Católica de SP e crítico de arte do jornal Folha de São Paulo (Brasil).Acesso: gratuito mediante aquisição de bilhete Museu e Parque (emitido no dia)Lotação: sujeito à lotação da salaNota: sem tradução simultâneaMais informação aqui
3 OUT (SÁB), 14h30, Galerias do MuseuSimpósio "Da Educação – Arte e Educação Participativa”Este simpósio começa com uma exploração das estratégias do programa de educação e mediação da 31ª Bienal de São Paulo e passa depois para questões mais amplas do ensino da arte. A educação no seio de uma megaexposição com um grande número de visitantes exige diferentes tipos de abordagens, mas ainda assim procura proporcionar às pessoas encontros significativos com a arte e a exposição. O simpósio tentará analisar o êxito de diferentes estratégias educativas em termos de compromisso e experimentação. Em particular, a educação será discutida à luz da tradição complexa e pluralista da educação radical, incluindo os diversos legados de Paulo Freire, Ivan Illich e Henry Giroux. É possível as bienais e/ou os museus aprenderem com esta tradição de educação radical que é anti-hierárquica, politicamente empenhada e participativa? Dado que as suas intenções estão intimamente ligadas às lutas dos pobres e indefesos por igualdade e direitos, como podem as instituições artísticas forjar os seus programas de modo a terem em conta o seu potencial? Como pode a sua crítica da prática educativa tradicional ser levada a cabo em programas de exposições artísticas? O simpósio vai examinar o programa educativo regular desenvolvido pela Fundação Bienal de São Paulo e outras estratégias desenvolvidas por artistas e curadores participantes, que procuraram diferentes maneiras de abordar comunidades e culturas urbanas.Participantes: Graziela Kunsch, Revista Urbânia (Brasil), Alessandro Petti e Isshaq Al-Barbary, Campus in Camps (Palestina), Grupo Contrafilé (Brasil) e Cayo Honorato, Professor e investigador em Arte e Educação (Brasil)Moderação: Liliana CoutinhoAcesso: gratuito mediante aquisição de bilhete Museu e Parque (emitido no dia)Lotação: sujeito à lotação da salaNota: sem tradução simultâneaMais informação aqui
31 OUT (SÁB), 15h00-18h00Simpósio "Colonialismo Invertido”Este simpósio vai debruçar-se sobre as relações entre Portugal e as suas ex-colónias e a interpretação artística contemporânea do modo de abordar as histórias coloniais, quer ao nível da produção artística quer do desenvolvimento institucional. Participantes:
- José Neves (PT)
- Lígia Afonso (PT)- Manuela Ribeiro Sanches (PT) - Por motivos imprevistos não poderá estar presente.- Filipa César (PT)- Nuno Domingos (PT)Moderação: Marta Lança (PT)Acesso: gratuito mediante aquisição de bilhete Museu e Parque (emitido no dia)Lotação: sujeito à lotação da salaNota: sem tradução simultâneaMais informação aqui
12 DEZ (SÁB), 15h00-19h00Simpósio "Direito à Cidade – Criminalização da pobreza”Direito à Cidade – Criminalização da Pobreza incide sobre os modos em que ainda é possível exercer os direitos da cidadania, numa situação de pobreza persistente. Participantes: - Carolina Christoph Grillo (Brasil)- José António Pinto (Portugal)- Raquel Rolnik (Brasil) - Will not be present, due to unforseen circumstances. - Luís Fernandes (Portugal) - Virgílio Borges Pereira (Portugal)Moderação: Amarante Abramovici (Portugal)Acesso: gratuito mediante aquisição de bilhete Museu e Parque (emitido no dia)Lotação: sujeito à lotação da salaNota: sem tradução simultâneaMais informação aqui
VISITAS GUIADAS
3 OUT (SÁB), 18h30Visita guiada à exposiçãoUma visita guiada com dois dos curadores da exposição, Charles Esche e Galit Eilat.Acesso: gratuito mediante aquisição de bilhete Museu e Parque (emitido no dia)Lotação: 40 pessoasNota: em inglêsMais informação aqui
11 OUT (DOM), 12h00 Visita Guiada à exposição
Com Paulo Jesus, educador do Serviço EducativoAcesso: gratuito mediante aquisição de bilhete Museu e Parque (emitido no dia)Lotação: 30 pessoas
29 OUT (QUI), 19h30Visita Guiada exclusiva Amigos de SerralvesPor Ricardo Nicolau, Adjunto da Diretora do Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Mais informação aqui
08 NOV (DOM), 12h00Visita Guiada à exposição Com Raquel Sambade, educadora do Serviço EducativoAcesso: gratuito mediante aquisição de bilhete Museu e Parque (emitido no dia)Lotação: 30 pessoas
06 DEZ (DOM), 11h00 Leituras no Museu/ parceria com TNSJ – Teatro Nacional de São JoãoAcesso: gratuito mediante aquisição de bilhete Museu e Parque (emitido no dia)Lotação: sujeito à lotação da sala
A BIENAL REIMAGINADA
COMISSÁRIOS DA EXPOSIÇÃO
Juan Pérez Agirregoikoa, Yael Bartana, Anna Boghiguian, Johanna Calle, Tony Chakar, Chto Delat, Contrafilé, Danica Dakic, Etcétera & Léon Ferrari, Nilbar Güres, Sandi Hilal & Alessandro Petti, Clara Ianni & Débora Maria da Silva, Voluspa Jarpa, Edward Krasinski, Graziela Kunsch & Lilian L'Abbate Kelian, Mark Lewis, Ana Lira, Gabriel Mascaro, Virginia de Medeiros, Cildo Meireles, Éder Oliveira, Bruno Pacheco, Agnieszka Piksa, Armando Queiroz & Almires Martins & Marcelo Rodrigues, Walid Raad, Juan Carlos Romero, Wilhelm Sasnal, Qiu Zhijie
Como (viver) coisas que não existem apresenta 28 artistas e coletivos de artistas selecionados entre os participantes na 31ª Bienal de São Paulo, que teve lugar no pavilhão projetado por Oscar Niemeyer no Parque Ibirapuera de 6 de setembro a 7 de dezembro de 2014. A seleção curatorial para Serralves foi realizada por Charles Esche, Galit Eilat e Oren Sagiv, três dos curadores da exposição de São Paulo.
Como (aprender com) coisas que não existem inclui também uma obra importante do artista Cildo Meireles pertencente à Coleção de Serralves. O trabalho de outros artistas brasileiros está fortemente representado na seleção e revela os modos em que a atual geração de artistas emergiu da sombra do tropicalismo e do modernismo brasileiro. Artistas da Argentina, Bósnia Herzegovina, Canadá, Chile, China, Colômbia, Egipto, Israel, Itália, Líbano, Palestina, Polónia, Portugal, Rússia, Espanha e Turquia serão também mostrados, bem como uma série de projetos concebidos para a Bienal. Entre várias obras notáveis contam-se os vigorosos retratos de parede de Éder Oliveira (1983, Brasil); o vídeo Ymá Nhandehetama de Armando Queiroz (1968, Brasil), que fala da invisibilidade dos indígenas no Amazonas no seu próprio país; os desenhos de rios de Anna Boghiguian (1946, Egipto) e a instalação cinematográfica da autoria de Virginia de Medeiros (1973, Brasil) abordam questões relacionadas com género, rituais religiosos e espiritualidade. A instalação transparente de Voluspa Jarpa (1971, Chile) e o trabalho em vídeo de Clara Ianni (1987, Brasil) reúnem os fantasmas do passado colonial e os legados da ditadura. Tanto essas histórias como a intensidade da vida urbana contemporânea estão sempre presentes em toda a exposição. Esta bienal reimaginada adquire ainda um caráter mais ficcional e metafórico com as instalações de Walid Raad (1967, Líbano), Edward Krasinski (1925?2004, Polónia), as pinturas de Wilhelm Sasnal (1972, Polónia) e um filme dramático de Yael Bartana (1970, Israel) que imagina a destruição do Templo de Salomão, em São Paulo.
Charles Esche (Escócia, 1962) é curador, escritor e membro da equipa de curadores da 31ª Bienal de São Paulo. É desde 2004 diretor do Van Abbemuseum, Eindhoven, Países Baixos. Em 2012 criou, com outros seis museus europeus, a condefederação L’Internationale, cujo objetivo é estabelecer uma instituição artística moderna e contemporânea europeia em 2017. É professor e codiretor da Afterall Journal e da Afterall Books, com Mark Lewis, e co-comissário da futura Bienal de Jacarta 2015. Foi cocomissário de diversas bienais de arte e outras iniciativas, incluindo o Prémio Muslim Mulliqi de 2012, "It doesn’t always have to be beautiful, unless it’s beautiful”, na Galeria Nacional do Kosovo, Pristina (com Galit Eilat); 2ª e 3ª Bienais RIWAQ, Ramallah, Palestina, 2009 e 2007 (com Khalil Rabah e Reem Fadda); 9ª Bienal de Istambul, 2005 (com Vasif Kortun, Esra Sarigedik Öktem e November Paynter); 4ª Bienal de Gwangju, 2002, na Coreia (com Hou Hanru e Song Wang Kyung). Entre 2000 e 2004 foi diretor do Centro Rooseum de Arte Contemporânea, em Malmö, Suécia, e em 1998?02 organizou o projeto de pesquisa em arte académica internacional designado "protoacademia” no Edinburgh College of Art. De 1993 a 1997 Esche trabalhou como Diretor de Artes Visuais no Tramway, Glasgow.
Galit Eilat (Israel, 1965) pertence à equipa de curadores da 31ª Bienal de São Paulo. É escritora, comissária em regime de freelancer e diretora fundadora do Centro Israelita de Arte Digital em Holon. Cofundadora da Ma'arav — uma revista online de arte e cultura — é atualmente curadora de investigação no Van Abbemuseum de Eindhoven bem como membro da Akademie der Künste der Welt, em Colónia. Entre as exposições mais recentes que comissariou e co-comissariou contam-se: "It doesn’t always have to be beautiful, unless it’s beautiful” (2012), (em parceria com Charles Esche), Galeria Nacional de Kosovo, Kosovo; "A Voyage to Cythera” (2012), Museu da História da Medicina, Berlim, Alemanha; "And Europe will be stunned” (2012), Van Abbemuseum, Eindhoven, Países Baixos; "Beyond the Truth” (2011) (em parceria com Alenka Gregoric), City Art Gallery of Liubliana, Liubliana, Eslovénia; "Black and White” (2011) (em parceria com Lukasz Ronduda), Museu de Arte Moderna de Varsóvia, Varsóvia, Polónia; "It’s Time We Got To Know Each Other” (2011), 52º Salão de Outubro (em parceria com Alenka Gregoric), Museu da História da Jugoslávia, Belgrado, Sérvia.
Oren Sagiv (Israel, 1969) faz parte da equipa curatorial da 31ª Bienal de São Paulo. Trabalhando a partir seu próprio estúdio, Sagiv tem-se de dedicado à arquitetura de instalações e ao design de exposições de arte, teatro, dança e performance. O seu trabalho inclui obras que vão de projetos públicos em grande escala, como Intersection|Quadrienal de Praga (2011), e intervenções urbanas temporárias, a projetos interdisciplinares e experimentais em pequena escala. Sagiv ainda é Head Exhibition Designer no Museu de Israel, em Jerusalém, e professor no departamento de arquitetura da Academia Bezalel de Arte e Design em Jerusalém.