Apesar de reconhecida, a relação entre objetos triviais e arte tem sido pouco explorada no campo das publicações de artista. Esta exposição, que apresenta livros e edições de artista da Coleção da Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, confronta formatos editoriais oriundos da comunicação social e edições de artista. As coincidências formais denunciam claramente os primeiros como fontes de inspiração. Uma segunda parte da exposição mostra o reverso deste tema: como designers, publicitários e consultores plagiaram, transformaram e reeditaram a estética da arte contemporânea, dela fazendo uso na sua cultura visual ao serviço do marketing. Ambas as secções da mostra revelam estas correspondências colocando lado a lado "cópia” e "original”. São apresentadas publicações de artista desde os anos 1960 até à atualidade, paralelamente a revistas, livros, catálogos industriais, jogos, manuais escolares e enciclopédias do mesmo período. Os visitantes serão confrontados com uma perspetiva inesperada da obra de arte, ao mesmo tempo que refrescam as suas memórias da cultura visual popular. Um dos pontos altos da exposição será a apresentação do segundo volume do livro recentemente redescoberto Ginza Haccho (1954), de Yoshikazu Suzuki. Esta publicação, sobre arquitetura japonesa, será apresentada juntamente com um dos livros de artista mais icónicos da história da arte ocidental, Every Building on the Sunset Strip (1965), do artista norte-americano Ed Rusha, publicado 12 anos depois. Lado a lado, estas duas publicações em formato de acordeão apresentam extraordinárias semelhanças. Coincidência ou inspiração? A exposição é comissariada por Guy Schraenen, consultor de Serralves para publicações de artista e organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves.