EDGAR PÊRA: UMA RETROSPETIVA - 23 NOV

Rio Turvo | 80 min.Próximo de um neo-realismo onírico, Rio Turvo parte do conto homónimo de Branquinho da Fonseca, onde se acompanha a história de um amor impossível entre um topógrafo anónimo, recém-chegado ao terreno pantanoso onde deverá construir-se um aeroporto – provavelmente, passe o anacronismo ficcional, sublinhando-se o sincronismo histórico, o tão discutido aeroporto da Ota –, e a bela flor do pântano. As intervenções musicais dos operários de construção (os fados de Ricardo Ribeiro e de Manuel João Vieira, as guitarras dos Dead Combo e de José Pracana, a bossa nova do JP Simões e a voz de Teresa Salgueiro) pontuam, socraticamente, esta história de amor e acompanham narrativas paralelas de conspiração e suspeita. O pano de fundo são os medos e uma indiferença trespassante do presente, em que o protagonista tem de decidir se é homem ou macaco, cínico ou cobarde, avançando ao ritmo de um progressivo desprendimento da realidade até um final abrupto, irónico e amargo. 

Esta sessão está integrada no ciclo de cinema EDGAR PÊRA: UMA RETROSPETIVA.  RIO TURVO, 2007
Realização: Edgar Pêra  Argumento: Edgar Pêra (inspirado no conto "Rio Turvo” de Branquinho da Fonseca) Fotografia: Luís Branquinho  Montagem: Tiago Antunes Cenografia: Miguel FigueiredoMúsica: Dead Combo, Vítor Rua, Miguel Ramos, José Pracana, João Machado, JP Simões, Ricardo Ribeiro  Interpretação: Nuno Melo (o topógrafo), Teresa Salgueiro (Leonor, a flor do pântano), José Wallenstein (o director), Manuel João Vieira (Chico Melena), Vítor Correia (João Caracol), Sérgio Grilo (Sargento Bera), José Ananias (fiscal), António Évora, J. P. Simões, Pedro Hestnes (Velês), David Almeida (Nuno Sebastião Pereira de Almeida), Paula Só (Tia Lurdes)Direcção de produção: Beatriz Jamerla Produtor: João Pinto Sousa, Produção: Cine-Tuga Formato: vídeo, cor, 80 min.