Entrada livre.
Esta exposição de Cildo Meireles (Rio de Janeiro, 1948), um conjunto de instalações de grandes dimensões e de peças emblemáticas concebidas e produzidas entre 1969 e 2013, é uma ocasião única para descobrir os diferentes aspetos da obra de um dos mais significativos artistas da sua geração.Na esteira das experiências neoconcretas protagonizadas desde finais dos anos 1950 por Lygia Clark e Helio Oiticica, Meireles redefiniu a arte concetual, libertando-a do seu tradicional "revestimento verboso” e devolvendo--lhe "uma das características mais interessantes [da arte] — a tentativa de seduzir”. Os conceitos de território, valor e escala, os processos de troca e as relações de poder são temas transversais a todo o seu percurso.Cruzando o desenho com a escultura e a performance, a maior parte dos trabalhos de Meireles proporcionam uma experiência sensorial e cognitiva do mundo que constitui um instrumento de libertação e consciencialização do espectador. Ilustram-no de forma exemplar duas obras pela primeira vez exibidas nesta exposição, curiosamente caracterizadas por escalas extremas. No Parque, do fundo da câmara cavada no solo, insignificante sob o esmagador volume da pedra que paira sobre a sua cabeça, o visitante de Nós, formigas (1995/2013) observa uma colónia de térmitas. O Estudo para — é — [menos é menos] (outubro de 2013), "o menor desenho possível”, proporciona ao espectador uma experiência simultaneamente física — perante o ínfimo desenho, apenas à lupa visível, o gigantesco visitante recobra da experiência liliputiana — e metafísica — de que diferença específica goza ou carece o mais ínfimo objecto ou ser?Microscópicos ou gigantescos, os trabalhos de Cildo são, nas suas palavras, para guardar naquele que é "o melhor lugar para guardar uma obra de arte[:] a memória”.
Exposição organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves, o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, e HangarBicocca, Milão