João Penalva nasceu em Lisboa, em 1949. Vive e traballha em Londres desde 1976, onde estudou na Chelsea Scool of Art (Licenciatura e Mestrado em Belas Artes, 1976—1981).
Foi convidado do programa de residência da DAAD, em Berlin, em 2003 e 2004, e da residência internacional Les Récollets, em Paris, em 2005.
Desde 2002 é professor da Academia de Belas Artes da Universidade de Lund, na Suécia.
Representou Portugal na XXIII Bienal Internacional de São Paulo, em 1996, e na XLIX Biennale di Venezia, em 2001. Expôs na Berlin Biennale 2, em 2001, e na Biennale of Sydney, em 2002.
As suas exposições individuais incluem: Centro Cultural de Belém, e I Melbourne International Biennial, em 1999; Camden Arts Centre, Londres; Contemporary Art Centre, Vilnius; Galerie im Taxispalais, Innsbruck, Áustria; Tramway, Glasgow, em 2000; Rooseum, Malmö, Suécia, em 2002; Institute of Visual Arts, Milwaukee, e The Power Plant, Toronto, em 2003; Museu Serralves, Porto, e Ludwig Museum, Budapeste, em 2005; Irish Museum of Modern Art, Dublin, em 2006; DAAD Gallery, Berlim, e Mead Gallery, University of Warwick, England, em 2007; Solar — Galeria de Arte Cinemática, 2008.
336 PEK (336 Rios), 1998, 60'
336 é-nos dado como o número oficial dos rios que correm para o Lago Baikal, na Sibéria, do qual sai apenas um. No entanto, esse número pode nem ser o exacto. Questionando a verdade, nas suas muitas versões, as histórias que se transformam enquanto são contadas, e a memória — sempre frágil —, 336 PEK tece narrativas que se desdobram sem fim. O espectador é, talvez mais do que em qualquer outro filme de João Penalva, levado a participar na lentidão extrema de uma linguagem de crenças, lendas, e de desconfiança da sua autenticidade.
O Rouxinol Branco, 2005, 42'
Filmado em Bristol, no rio Avon e na Clifton Suspension Bridge, a famosa ponte que, pela sua altura, atrai cada ano dezenas de suicidas, O Rouxinol Branco é uma alegoria à morte como viagem, usando a linguagem do filme mudo com intertítulos, e, literariamente, a do conto de fadas.
O Rouxinol Branco é, de todos os filmes de Penalva, aquele em que o seu som se poderia ouvir como uma peça musical independente do filme para que foi criado.
O Sineiro, 2005, 57'
Escrito por João Penalva, mas com citações de Thomas Mann (Der Erwälte, 1951), O Sineiro tem, formalmente, a particularidade de a sua imagem ser composta do mesmo material de vídeo passando simultaneamente para a frente e para trás, anulando quase completamente o movimento da corrente do rio que ocupa o centro da imagem. O movimento passa, então, para um outro filme, imaginado, que o espírto do contador de histórias nos oferece.
O rugir de leões, 2007, 37'
O rugir de leões foi filmado em Berlim, no lago gelado da floresta de Grunewald, lugar marcado pela sinistra história alemã da Segunda Grande Guerra.
Apesar de falado em mandarim, poderia ser visto como o documentário do lazer da classe abastada de residentes da floresta que aí passeiam os seus cães, não fosse a estranheza de tudo o que nele se relata. Entre a linguagem dos sonhos e uma realidade literalmente 'pintada', tudo o que parece seguro se transforma, na voz do narrador, num outro mundo paralelo e perigoso.
KITSUNE (O espírito da raposa), 2001, 55'
Como na grande parte dos filmes de Penalva, o texto original de Kitsune (O espírito da raposa) de 2001, aparece no filme como as legendas da sua própria tradução para a língua em que o filme é falado — neste caso o japonês.
Nas lendas do folclore japonês, a raposa é o mais temível dos animais, pois pode transformar-se tanto num ser humano como noutros animais, e a sua astúcia é o tema de muitas histórias. Kitsune é um filme em que também as aparências iludem; filmado inteiramente na Ilha da Madeira mas falado em japonês por dois actores em Tóquio, é mais do que um filme sobre raposas. O olhar, o que se vê e o que se não vê, e o poder mágico da transformação são os seus verdadeiros temas.