JUVENTUDE EM MARCHA | PEDRO COSTA
26 JAN 2019
Esta sessão está integrada na exposição PEDRO COSTA: COMPANHIA.
JUVENTUDE EM MARCHAPortugal, França, Suíça, 2006, 35mm, 1:1,33, cor, 154 min.
Para mim, Juventude em Marcha, filme de ousadia e de fidelidade, é o filme do homem que escreve uma carta de amor que outros homens já escreveram. É "a história secreta daquele corredor negro". A 15 de Julho de 1944, Robert Desnos escreveu à mulher do campo de concentração de Flöha uma última carta, a cerca de um ano da sua morte. Diz que lhe queria oferecer "100 000 cigarros, doze vestidos de grandes costureiros, o apartamento da Rua de Seine, um automóvel, a casinha da mata de Campiègne, a de Belle-Isle e um raminho de flores de cinco tostões. Mas, acima de tudo, bebe uma garrafa de bom vinho e pensa em mim." Nem Desnos nem Ventura reencontraram as mulheres. Nem Desnos nem Ventura receberam sequer resposta a essas cartas. Nem Desnos nem Ventura verão as mulheres que amaram com os vestidos que sonharam. Em lugar de tudo isso ficou aquele plano fantomático com que começa Juventude em Marcha, onde, para o saguão negro de uma ruína negra, uma mulher atira janela fora os restos dos pertences do marido. "Julgo que vou esquecer de mim" é a última linha da carta de Ventura. Não se esqueceu, na enganadora aparência da memória. Mas esqueceu-se no corredor escuro. Sobreviver é repetir incessantemente uma carta de amor ou, como Vanda, repetir incessantemente a história do dia em que deu à treva a filha.João Bénard da Costa
Sessão apresentada por Óscar Faria
ACESSOBilhete por sessão: 3€Bilhete conjunto 4 sessões (janeiro): 10€50% desconto Estudante/Jovem, Maiores de 65 e Amigos
JUVENTUDE EM MARCHAPortugal, França, Suíça, 2006, 35mm, 1:1,33, cor, 154 min.
Para mim, Juventude em Marcha, filme de ousadia e de fidelidade, é o filme do homem que escreve uma carta de amor que outros homens já escreveram. É "a história secreta daquele corredor negro". A 15 de Julho de 1944, Robert Desnos escreveu à mulher do campo de concentração de Flöha uma última carta, a cerca de um ano da sua morte. Diz que lhe queria oferecer "100 000 cigarros, doze vestidos de grandes costureiros, o apartamento da Rua de Seine, um automóvel, a casinha da mata de Campiègne, a de Belle-Isle e um raminho de flores de cinco tostões. Mas, acima de tudo, bebe uma garrafa de bom vinho e pensa em mim." Nem Desnos nem Ventura reencontraram as mulheres. Nem Desnos nem Ventura receberam sequer resposta a essas cartas. Nem Desnos nem Ventura verão as mulheres que amaram com os vestidos que sonharam. Em lugar de tudo isso ficou aquele plano fantomático com que começa Juventude em Marcha, onde, para o saguão negro de uma ruína negra, uma mulher atira janela fora os restos dos pertences do marido. "Julgo que vou esquecer de mim" é a última linha da carta de Ventura. Não se esqueceu, na enganadora aparência da memória. Mas esqueceu-se no corredor escuro. Sobreviver é repetir incessantemente uma carta de amor ou, como Vanda, repetir incessantemente a história do dia em que deu à treva a filha.João Bénard da Costa
Sessão apresentada por Óscar Faria
ACESSOBilhete por sessão: 3€Bilhete conjunto 4 sessões (janeiro): 10€50% desconto Estudante/Jovem, Maiores de 65 e Amigos
