Documentário sobre vida e obra do artista Manuel-Casimiro, num percurso iniciado em finais da década de sessenta, através de pintura, fotografia, instalação e escultura. Entre outras, uma das grandes virtudes deste filme de autoria de Isabel Lopes Gomes é a de nos dar a conhecer grande parte do vasto trabalho deste artista concebido ao longo de meio século, revelando exemplarmente a sua originalidade e importância na história de arte, ao antecipar, por vezes em muitos anos, obras de outros artistas com grande reconhecimento.
O filme conta com depoimentos do próprio Manuel-Casimiro e de outros artistas, mas também de críticos internacionais como Pierre Restany, Raphael Monticelli ou nomes da cultura universal como Jean-François Lyotard , Vincent Descombes, Christine Buci-Glucksmann, Michel Butor, Jonathan Dronsfield.
A voz-off é do ator Luís Miguel Cintra.
Manuel-Casimiro sempre criticou as incongruências do sistema das artes visuais, muitas vezes orientada por interesses e vicissitudes que nada têm a ver com arte, privilegiando a sua independência e forma de pensar, em detrimento de uma carreira que nunca quis fazer. Sempre defendeu a investigação no sentido de "revolucionar os conceitos e as ideias”, coisa que desde sempre afirmou e transparece tanto nos seus escritos como na arte que foi produzindo ao longo dos tempos no tempo.
Nascido em 1941, Manuel-Casimiro recebeu uma bolsa da Fundação Gulbenkian em 1976 para desenvolver um projeto de investigação na área das artes visuais, partindo então para França (Paris e Nice). Foi em Nice que se fixou durante mais de 18 anos, donde se ausentou muitas vezes para viajar por esse mundo fora, sobretudo para passar grandes temporadas em Itália, mas também em Nova Iorque, onde viveu um ano.
O mérito do seu trabalho só viria a ser reconhecido em Portugal nos finais da década de 80, mas a nível internacional intelectuais consagrados e importantes colecionadores já tinham demonstrado grande interesse pela sua obra.
Em Portugal autores como Eduardo Lourenço, José-Augusto França, Agustina Bessa Luís, Bernardo Pinto de Almeida, João Fernandes ou António Cerveira Pinto, chamaram a atenção para a originalidade da obra de Manuel-Casimiro.
Nos museus portugueses tem obras na Fundação Gulbenkian, Fundação de Serralves, Museu Coleção Berardo, onde expôs os "Caprichos”, oitenta trabalhos que integraram recentemente as coleções da importantíssima Biblioteca Nacional de França, em Paris.
Em 1996/97, Jean-Hubert Martin apresentou em Serralves a primeira retrospetiva de Manuel-Casimiro, exposição que foi acompanhada da edição de um importante catálogo.
ISABEL LOPES GOMES
Nasceu em 1976 em Avignon, França.
É Doutoranda na Universidade de Coimbra no Colégio das Artes, no Doutoramento em Arte Contemporânea, e membro do CEIS 20 – Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX.
É realizadora de documentários sobre artistas, tendo já concluídos: Arte Vida / Vida Arte - filme sobre Alberto Carneiro, apresentado e editado pela Fundação de Serralves em 2013; Spiritual Exercises - filme sobre Bosco Sodi apresentado em 2014 na Galeria Fernando Santos no Porto ; e Rua José Escada - filme sobre José Escada apresentado em Lisboa (2014/2015) no Centro Nacional de Cultura e na Galeria São Roque.
O mais recente é o documentário « Pintar a Ideia » dedicado à obra de Manuel Casimiro.
Como realizadora e autora destacam-se ainda as séries de magazines culturais exibidos na televisão portuguesa: ZOOM e Estação das Artes (RTPN – 2005/2011); Documentários sobre a Bienal de Veneza 2005 e Photo Espanha 2008 (RTPN) e a Série Design PT (RTP2 - 2015/2016).
Foi curadora assistente na exposição Entre as Margens no Museu Nacional Soares dos Reis em 2013 e em 2016 na exposição inaugural do Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso em Chaves.
É curadora da exposição Da história das imagens a partir do fotográfico na obra de Manuel Casimiro, que irá inaugurar na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva em Janeiro de 2019.