O Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta "A Time Coloured Space” [Um espaço da cor do tempo], uma grande exposição do artista francês Philippe Parreno, a sua primeira mostra em Portugal. Comissariada por Suzanne Cotter, Diretora do Museu, a exposição ocupará todas as treze salas do Museu, estendendo-se pelos dois pisos e expandindo-se ainda para o Auditório. A exposição é estruturada segundo o modelo matemático da fuga e concebida em torno da ideia de contraponto, ou ritournelle, um princípio segundo o qual uma determinada passagem é repetida em intervalos regulares numa peça ou arranjo musical, para dar significado à composição. Regendo-se por um método semelhante, A Time Coloured Space é determinada não pelos seus "objetos”, mas pela cadência e o ritmo do aparecimento destes. A exposição inclui alguns dos trabalhos mais emblemáticos de Parreno, criados desde os anos 1990 até aos nossos dias, assim como obras recentes concebidas especificamente para este contexto.Através da sua prática artística, Parreno tem redefinido a experiência da exposição, explorando as possibilidades desta como um "objeto” coerente e um meio em si próprio, e não uma mera coleção de obras individuais. Para isso, Parreno concebe as suas exposições como um espaço com um guião, no qual se desenrolam eventos. Enquadrando-se no conceito filosófico de Gilles Deleuze expresso em Différence et répétition [Diferença e repetição] (1968), cada uma das treze salas da exposição é uma recorrência da anterior, diferenciando-se apenas pelas variações de cor e de disposição. Ao introduzir estas variáveis recorrentes, Parreno leva o princípio do ritournelle para além do seu entendimento musical, transportando-o para aquilo que Deleuze descreveu como "uma repetição da diferença”. Como o passado e o futuro estão inscritos no presente, a exposição torna-se um autómato, uma fábrica onde são projetadas estas variáveis, uma forma de imitação que se transforma numa nova invenção. Entre os trabalhos apresentados encontramos Speech Bubbles (1997 até à atualidade), balões de hélio com a forma de balões de fala da banda desenhada. Vazios de palavras, juntam-se e pairam no teto do espaço que ocupam. A exposição inclui também Fraught Times: For Eleven Months of the Year it’s an Artwork and then December it’s Christmas (2008 -2016), uma série de esculturas em alumínio, moldadas como árvores de Natal. Também estarão expostos mais de 200 desenhos a tinta criados por Parreno entre 2012 e 2016, assim como o conjunto de serigrafias intitulado Fade To Black. O espaço será ainda pontuado por uma série de objetos de luz: AC/DC Snakes e Happy Ending.Uma obra recentemente incorporada na Coleção de arte contemporânea do Museu de Serralves — o espetacular trabalho de luz Marquee (cluster) — será instalada no foyer do Auditório. O Auditório do Museu será transformado numa forma de cinéma en permanence.
Para marcar a inauguração da exposição, na sexta-feira 3 de fevereiro o pianista Mikhail Rudy interpretará a Fuga nº 24 em ré menor de Chostakovitch. Durante todo o período da exposição, a composição será repetida num piano Disklavier através de um programa informático que tentará assimilar a partitura, numa contínua iteração que, por seu turno, ativará luzes, uma parede giratória e os estores das janelas que permeiam o enquadramento da exposição.
"Philippe Parreno: A Time Coloured Space” é uma exposição organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves, comissariada por Suzanne Cotter, Diretora do Museu, acompanhada por uma publicação escrita por Adam Thirlwell em colaboração com Philippe Parreno e desenhada pelo Frith Studio, Londres.
Vistas da exposição "Philippe Parreno: A Time Coloured Space”, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Fundação de Serralves, Porto, 3 de fevereiro a 7 de maio de 2017. Fotografia © Andrea Rossetti
Actividades Relacionadas
INAUGURAÇÃO: 3 FEV (SEX), 22H00
Com a presença do artista e do pianista Mikhail Rudy, que irá interpretar a obra de Dmitri Shostakovich Fuga nº 24 em Ré menor. O bar do Auditório e a Livraria do Museu estão abertos durante a inauguração.
VISITAS-ORIENTADAS
12 FEV (DOM), 12H00Visita orientada à exposição por Rita Faustino, educadora(português)Mais informação aqui
25 FEV (SÁB), 15H30Visita orientada em Língua Gestual Portuguesa por LaredoMais informação aqui
02 ABR (DOM), 12H00Visita orientada por Andreia Coutinho, educadora(português)Mais informação aqui
06 MAI (SÁB), 17H00MÚSICA E ARTE CONTEMPORÂNEA com Fernando Miguel Jalôto, cravista e investigador de música antigaMais informação aqui
CONVERSAS E DEBATES
04 FEV (SÁB). 11H30Introdução à exposição com e Suzanne CotterMais informação aqui
18 FEV (SÁB), 17H00UM OLHAR PARA A ARTE CONTEMPORÂNEA com Sofia Ponte, investigadoraMais informação aqui
18 MAR (SÁB), 17H00UM OLHAR PARA A ARTE CONTEMPORÂNEA com Sofia Ponte, investigadoraMais informação aqui
22 ABR (DOM), 17H00UM OLHAR PARA A ARTE CONTEMPORÂNEA com Sofia Ponte, investigadoraMais informação aqui
30 ABR (DOM), 17H00OBRAS EM CONVERSA para famílias com Raquel Sambade e Sónia Borges, educadorasMais informação aqui
VISITAS-OFICINAS
05 MAR (DOM), 11H00OBRAS EM CONVERSA para famílias com Raquel Sambade e Sónia Borges, educadorasMais informação aqui
26 MAR (DOM), 11H00OBRAS EM CONVERSA para famílias com Raquel Sambade e Sónia Borges, educadorasMais informação aqui
30 ABR (DOM), 11H00OBRAS EM CONVERSA para famílias com Raquel Sambade e Sónia Borges, educadorasMais informação aqui
EXCLUSIVO AMIGOS DE SERRALVES
23 MAR (QUI), 19H00Encontro exclusivo para Amigos com Filipa LoureiroMais informação aqui
Declaração de Philippe Parreno
Sobre a publicação
Sobre o artista
Uma exposição como contraponto espacial, um Ritournelle como uma máquina:
"O Ritournelle envolve uma operação de movimento que consiste em arranjar (ou agregar) diversas componentes que constituem a base para que os elementos entrem numa modulação, um movimento que une temporariamente forças múltiplas. Um aspeto importante da exposição é o facto de não ser determinada pelos seus objetos (materiais e formas) mas sim pela regularidade e ritmo do seu aparecimento. É pois necessário ir mais além do entendimento musical do Ritournelle, associado a repetição enquanto reiteração de um objeto, para se poder evidenciar o mecanismo de intermodulação entre os fragmentos de material formado e não-formado.O Ritournelle é por isso uma pequena fábrica para gerar diferenças. Sabemos que o Ritournelle vem da música: remete para algo nunca terminado, para uma ida e vinda do mesmo tema e para a ideia de permanente retorno ao início. De certa forma, o conceito de Ritournelle prolonga a fórmula da repetição que imita a invenção.O ato de repetição é comparável à rápida reprodução das ervas daninhas.”
Conversation, Um guião com Philippe Parreno, por Adam Thirlwell
Concebida expressamente para coincidir com a exposição, Conversa é um roteiro ilustrado de uma conversa filmada entre o romancista britânico Adam Thirlwell e Philippe Parreno que gradualmente evolui para um catálogo dos elementos "não-humanos” com que Thirlwell se cruzou nos filmes e nos textos de Parreno. O guião é interrompido por ilustrações: fotogramas de filmes do artista, extratos dos seus escritos e fragmentos de textos de autores que ambos os interlocutores apreciam. A publicação foi desenhada pelo Frith Studio, Londres.
Philippe Parreno é um artista e realizador francês que vive e trabalha em Paris. Frequentou a Ecole des Beaux-Arts de Grenoble entre 1983 e 1988 e o Institut des Hautes Etudes en arts plastiques do Palais de Tokyo, Paris, entre 1988 e 1989. Parreno ganhou destaque nos anos 1990, tendo sido aclamado pela crítica graças à sua obra, que emprega uma diversidade de meios, de que fazem parte o cinema, a escultura, o desenho e o texto.
Philippe Parreno tem exposto e editado internacionalmente. As suas obras encontram-se representadas nas coleções dos mais importantes museus e instituições internacionais como: Centre Pompidou, Paris, França; 21st Century Museum of Contemporary Art, Kanazawa, Japão; Musée D’Art Moderne de la Ville de Paris, Paris, França; MUDAM, Musée d’Art Moderne Grand-Duc Jean, Luxemburgo; San Francisco Museum of Modern Art, São Francisco, EUA; Solomon R. Guggenheim Museum, Nova Iorque, EUA; Tate Modern, Londres, Reino Unido; Irish Museum of Modern Art, Dublin, Irlanda; LACMA, Los Angeles, EUA; MOMA, Nova Iorque, EUA; MUSAC, León, Espanha; Museum of Contemporary Art, Los Angeles, EUA; National Gallery of Canada, Ottawa, Canadá; Van Abbemuseum, Eindhoven, Holanda; Watari Museum of Contemporary Art, Tóquio, Japão; The Walker Art Centre, Minneapolis, EUA e no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, Portugal.
Entre as muitas exposições individuais do artista destacam-se: Philippe Parreno: Thenabouts, ACMI Melbourne (até 13 Março 2017); Philippe Parreno: Anywhen, 2016 Hyundai Commission para a Turbine Hall, Tate Modern (até 2 Abril 2017); Hypothesis, Hangar Bicocca, Milão (2015/2016); H {N)Y P N(Y} OSIS, Park Avenue Armory, Nova Iorque (2015); Schinkel Pavillon, Berlim (2014); Palais de Tokyo, Paris (2013/2014); The Garage Center for Contemporary Culture, Moscovo (2013); Barbican Art Gallery, Londres (2013); Fondation Beyeler (2012); Riehen/Basel (2012), Philadelphia Museum of Art (2012); The Serpentine Gallery, Londres (2010/2011); Witte de With (2010); Irish Museum of Modern Art, Dublin (2009); Centre Pompidou, Paris (2009); Kunsthalle Zurich (2009); CCA Kitakyoshu, Japão (2006); Kunsthalle Zürich (2006); San Francisco Museum of Modern Art (2003); Musée D’Art Moderne de le Ville de Paris (2002), e Moderna Museet, Estocolmo (2001). Algumas das suas obras também foram apresentadas na Bienal de Veneza (1993, 1995, 2003, 2007, 2009 e 2015), na Bienal de Arquitectura de Veneza (2014), na Bienal de Lyon (1997, 2003, e 2005), e na Bienal de Istambul (2001).
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