PELE NÓMADA
Um filme de Aline Belfort e João Fiadeiro em colaboração com a Bibi Dória e João Nunes. Atelier Real e Continue Walking
Bilheteira
3 euros com os descontos habituais

Fazendo jus ao nome, PELE NÓMADA inscreve-se na categoria do roadmovie, acompanhando João Fiadeiro no transporte do arquivo do Atelier Real para Serralves - instituição que recebeu o seu espólio - numa viagem íntima e emocional por lugares carregados de despojos da memória (e ruínas do esquecimento).
PELE NÓMADA retrata os primeiros quinze anos (1990-2004) da REAL - estrutura de produção e criação de João Fiadeiro, pioneira da Nova Dança Portuguesa - numa altura em que ainda não tinha poiso fixo e andava a saltitar entre diversos ateliers e estúdios da Grande Lisboa. Documentou esse percurso através de uma série de rituais de despedida, na forma de reenactments de espetáculos para os residentes atuais dos espaços - muitos deles abandonados ou entretanto demolidos - que a REAL ocupou na viragem do milénio.
Embora filmado posteriormente, PELE NÓMADA funciona como a primeira parte de um díptico complementado por NADA PODE FICAR (Doclisboa 2020), de Maria João Guardão, filme que documentou o evento DES|OCUPAÇÃO, despedida épica do Atelier que a REAL ocupou entre 2004 e o fim da sua trajetória, em 2019.
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Imagem: Ana Viotti


João Fiadeiro (1965) pertence à geração de coreógrafos que emergiu no final da década de oitenta e que, na sequência do movimento “pós-moderno” americano e dos movimentos da Nouvelle Danse francesa e belga, deu origem à Nova Dança Portuguesa. Grande parte da sua formação é feita entre Lisboa, Nova Iorque e Berlim, tendo depois sido bailarino na Companhia de Dança de Lisboa (86-88) e no Ballet Gulbenkian (89-90). Em 1990 fundou a Companhia REAL que, para além da criação e difusão dos seus espetáculos, apresentados com regularidade um pouco por toda Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália e América do Sul – acompanhou e representou artistas emergentes e, ao mesmo tempo, no âmbito da programação do Atelier Real, acolheu artistas em residência e apresentou artistas e eventos transdisciplinares. Entre 1995 e 2003 colaborou com os Artistas Unidos na qualidade de responsável pelo “movimento dos atores”, tendo encenado, para essa companhia, dramaturgos como Samuel Beckett, Sara Kane ou Jon Fosse. Entre 2011 e 2014 codirigiu, com a antropóloga Fernanda Eugénio, o centro de investigação AND_Lab em Lisboa, uma plataforma de formação e pesquisa na interface entre criatividade, sustentabilidade e quotidiano. No fim da década de 90 dá início à sistematização da Composição em Tempo Real, uma ferramenta teórica-prática de apoio à criação e estudo da improvisação, cruzando a sua investigação com aquela que se desenvolve em áreas científicas como a neurociência ou as ciências dos sistemas complexos. João Fiadeiro tem orientado com regularidade workshops em diversas escolas e universidades nacionais e internacionais. Atualmente frequenta o doutoramento em Arte Contemporânea do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.