Conferência

UMA AMIZADE

TENDO EM LINHA DE CONTO OS TEMPOS ATUAIS | JEAN-LUC GODARD - OBRA PLÁSTICA

Conversa com Elias Sanbar

Auditório da Casa do Cinema Manoel de Oliveira
17 MAI 2025 | 17:00

Bilhete: 3€
Desconto de 50% para Amigos de Serralves, jovens até aos 18 anos, estudantes e maiores de 65 anos.

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1705 UMA AMIZADE

O tema da minha conversa no dia 17 de maio no Porto — conversa e não conferência — aborda a minha longa amizade (1969-2022) com Jean-Luc Godard. Conversa que não deve ser confundida com uma sessão de “recordações e anedotas” nos confins dos nossos gostos partilhados, em total oposição à essência da nossa amizade.Não se trata, portanto, de uma comemoração, mais uma, de um acontecimento no ar do tempo, do imenso cineasta que foi o meu amigo.

Esta conversa partirá, por isso, e da forma mais simples, da seguinte abordagem.

Não sendo eu cineasta, mas tendo, no entanto, sido durante muitos anos um interlocutor privilegiado, gostaria de trocar ideias com o público em torno de uma série de questões.

Assim, falando, discutindo, trocando impressões, assistindo a filmagens de JLG, o que aprendi eu com ele? Que diria eu sobre os pares: olhar e ver, primeiro plano e segundo plano, imagem e imagens?

Estas perguntas, e outras também, são aquelas que me interessam e que gostaria de partilhar com os meus interlocutores.

É uma das formas de prestar homenagem a este amigo que um dia me disse:“Sabes, nunca tive uma aldeia natal. A Palestina foi a minha aldeia.”

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Elias Sanbar
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Elias Sanbar

Elias Sanbar (nascido em Haifa, na Palestina, a 16 de fevereiro de 1947) é um dos mais importantes intelectuais palestinianos contemporâneos — historiador, ensaísta, tradutor, diplomata e figura central na construção de uma identidade cultural palestiniana moderna. Tanto a sua vida como a sua obra estão profundamente marcadas pela experiência do exílio, após a Nakba de 1948, que forçou a sua família a abandonar a Palestina e a viver entre o Líbano e a Europa. Radicado em França, Elias Sanbar tornou-se uma voz incontornável da diáspora palestiniana. Assumindo um compromisso inabalável com a justiça e a memória histórica, desempenhou um papel crucial como editor da Revue d'études palestiniennes (versão francesa do Journal of Palestine Studies), que dirigiu durante mais de 20 anos e que se tornou uma publicação de referência para uma reflexão profunda e multidisciplinar sobre a história, a cultura e a política palestinianas no contexto internacional. A sua obra escrita — onde se destacam títulos como La Palestine, le pays à venir (1996) ou Le Bien des absents (2001) — articula a memória coletiva palestiniana com uma visão crítica e poética do presente. Sanbar defende uma Palestina não apenas como entidade política, mas como ideia cultural, espaço afetivo e projeto inacabado. Foi também o tradutor para francês da obra de Mahmoud Darwich, o grande poeta nacional palestiniano, com quem manteve uma forte amizade, tornando-se um dos principais difusores da poesia palestiniana no mundo francófono. No plano diplomático, foi embaixador da Palestina junto da UNESCO, entre 2011 e 2021, tendo sido uma voz firme na defesa do património cultural e histórico palestiniano, face aos desafios de uma política internacional marcada por tensões e disputas sobre identidade e legitimidade. Desde 2016 tem sido um dos principais instigadores para a construção do futuro Museu Nacional de Arte Contemporânea e Moderna da Palestina, presidindo à associação que, desde o lançamento do projeto e em colaboração com Jack Lang e o Institut du Monde Arabe, tem vindo a reunir obras doadas por artistas árabes e europeus. Este projeto é, assim, um ato cultural que visa promover a solidariedade internacional para com a Palestina e contribuir para a afirmação da identidade cultural como uma realidade dinâmica. No seu percurso de vida e de pensamento, Elias Sanbar foi próximo do filósofo Gilles Deleuze, com quem partilhou reflexões sobre política, cinema e resistência, mas foi sobretudo com Jean-Luc Godard que estabeleceu uma amizade que data de finais dos anos 1960 e se prolongaria até ao desaparecimento do cineasta em 2022. A relação com Godard não foi uma simples troca de ideias e gostos partilhados, nem se resume à cumplicidade com que ambos se engajaram numa meditação contínua sobre imagem, memória, identidade e descolonização do olhar. Foi, nas palavras do próprio Sanbar, um diálogo existencial, marcado por uma exigência mútua de pensamento e afeto, à margem da nostalgia ou da anedota. “Sabes, nunca tive uma aldeia natal: a Palestina foi a minha aldeia.”, disse-lhe Godard uma vez, frase que Sanbar guarda como um dos mais belos reconhecimentos do sentido íntimo da sua luta.

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