Uma importante vertente que atravessa desde sempre as experiências sonoras de Tarek Atoui é a colaboração. A grande maioria dos seus trabalhos envolve e desenvolve-se a partir da participação de outros. Pode tratar-se de designers, instaladores, músicos, especialistas de gravações de campo, ouvintes. Acontece muitas vezes que as suas instalações se oferecem como plataformas relacionais muito diretas, uma vez que podem ser ativadas pelo público e por outros artistas. Em Serralves, a sua exposição O Testemunho das Águas abre-se a um grupo de músicos e de artistas sediados em Portugal, assim como a estudantes de escolas de artes convidados a dialogar e interagir com os trabalhos instalados. Para além de workshops colaborativos e de formação, são organizadas performances durante todo o tempo de duração da mostra e os artistas podem intervir e envolver-se com uma diversidade de sons que farão parte da exposição em diferentes fases, evoluindo desde o seu despertar no inverno até ao encerramento em pleno verão.

Nesta ocasião, Tarek Atoui regressa à exposição para ele próprio a ativar com uma performance sonora realizada em colaboração com Lendl Barcelos.

Residente no Porto, Lendl Barcelos trabalha com arte sonora, investigação escrita e catafísica. Lendl torce as línguas em direção a uma construção de sentido mais espessa, tomando notas de uma cultura aural que vibra para além do ouvido. Lendl fez parte do projeto Council's Infinite Ear—ao lado de Tarek Atoui, Allison O'Daniel, Myriam Lefkowitz & Valentina Desideri— baseado na premissa de que a surdez constituí uma especialização em som. Lendl também apresentou trabalhos na Tate Britain (Londres), Centrocentro (Madrid), Garage (Moscovo), Inkonskt (Malmo), Q-O₂ (Bruxelas), Pedreira (Porto), e foi publicado pela Urbanomic, re:press e MIT.