NALINI MALANI - UTOPIA!?
Conversa
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Horário: 18:30
Acesso:
3€ (Amigos de Serralves, estudantes e maiores 65 anos: 50% desconto), com
inscrição prévia obrigatória para ser.educativo@serralves.pt.
Lotação:
25 pessoas
Com
Nalini Malani, artista, e Ana Mendes, doutorada em Estudos de Cultura e
Professora Associada na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,
apresentada por Philippe Vergne, Diretor do Museu de Serralves.
Serralves
apresenta até 29 de agosto de 2021, pela primeira vez em Portugal o trabalho da
conceituada artista internacional Nalini Malani (Carachi, 1946). Esta exposição
ocorre após a atribuição à artista de uma das mais prestigiantes distinções no
mundo da arte contemporânea: o Prémio Joan Miró em 2019. Amplamente conhecida
pelas suas pinturas e desenhos, a mostra em Serralves apresenta exclusivamente
as suas animações desenvolvidas entre finais dos anos 1960 e a atualidade. Foi
no final da década de 1960, numa cena artística indiana dominada por homens,
que Nalini Malani emergiu como uma voz provocatória e feminista, igualmente
pioneira no trabalho com meios artísticos como o cinema experimental, a
pintura, o vídeo e a instalação.
Nesta
conversa com a artista partiremos do núcleo de obras da sua autoria, patentes
na exposição, sob o título UTOPIA!? discutindo temas que percorrem a sua já
longa carreira. Em diálogo com uma das personalidades mais marcantes do
panorama artístico contemporâneo internacional, abordaremos as facetas
distintas do seu percurso, procurando saber como encara o futuro da arte
perante os desafios do mundo de hoje.
A
conversa será em inglês.
Relacionado
Nalini Malani é uma das artistas contemporâneas mais influentes na Índia,
com uma sólida carreira que recebeu ampla consagração internacional. Nasceu em
Carachi em 1946, um ano antes da separação entre a Índia e o Paquistão na
sequência da independência do Império Britânico. A sua família refugiou-se em
Calcutá em 1947 e mudou-se para Mumbai em 1954. O trauma pessoal e coletivo da
Partição da Índia, a experiência precoce de deslocamento e o estatuto de
refugiada marcaram a sua biografia e produção artística, que se desenvolveu,
nas suas próprias palavras, como uma tentativa de “dar sentido aos sentimentos
de perda, exílio e saudade” que tanto marcaram a sua infância. Malani estudou
belas-artes na Sir Jamsetjee Jeejebhoy School of Art, em Mumbai. Durante esse
período, instalou o seu estúdio no Bhulabhai Memorial Institute, onde artistas,
músicos, bailarinos e atores trabalhavam individualmente e em comunidade. Logo
após terminar a formação académica, Malani trabalhou em cinema e fotografia. De
1970 a 1972, recebeu uma bolsa do governo francês para estudar arte em Paris,
onde entrou em contacto as teorias de Louis Althusser, Roland Barthes e Noam
Chomsky, entre outros. Em 1973, voltou para a Índia, determinada a contribuir
para a modernização e emancipação intelectual do seu país através da arte. Em
2010, o San Francisco Art Institute concedeu-lhe um doutoramento honoris causa
e, em 2013, foi a primeira mulher asiática a receber o prémio Arts &
Culture Fukuoka Prize. Também recebeu outras importantes distinções, como o St.
Moritz Art Masters Lifetime Achievement Award em 2014 e o Asian Art Game
Changers Award em 2016. A ampla gama de interesses de Malani sempre a levou a
colaborar com artistas e pensadores de várias áreas, como o antropólogo Arjun
Appadurai, a atriz Alaknanda Samarth, o bailarino de Butoh Harada Nobuo e a
encenadora Anuradha Kapur. Essas colaborações atestam a exploração contínua de
formas interdisciplinares para investigar e comunicar as questões pessoais e
políticas que moldam a sua arte. Ao longo de cinco décadas e com mais de
trezentas exposições — duzentas das quais internacionais — as suas obras foram
exibidas nos principais centros de arte contemporânea do mundo, com exposições
individuais no ICA (Boston), no Stedelijk Museum (Amsterdão), no Irish Museum
of Modern Art (Dublin) e no New Museum of Contemporary Art (Nova Iorque); e
retrospetivas no Castello di Rivoli — Museu de Arte Contemporânea (Rivoli) em
2018, no Centre Pompidou (Paris) em 2017, no Museu de Arte Kiran Nadar (Nova
Delhi) em 2014, no Musée Cantonal des Beaux-Arts (Lausanne) em 2010 e no Museu
Peabody Essex (Salem) em 2005. Os seus trabalhos foram apresentados em vinte
bienais, como a 12.ª Bienal de Xangai em 2018; a DOCUMENTA 13 em 2012 em
Kassel; a 16.ª Bienal de Sydney; as exposições da 52.ª e 51.ª Bienais de Veneza
em 2007 e 2005, e a terceira Bienal de Seul em 2004. A obra de Nalini Malani
está representada em várias coleções de museus em todo o mundo.