Contra o Paradigma Estético do Antroposupremoceno
Pluralizando o Antropoceno II - Outono 2021
Pluralizando o Antropoceno II
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Horário: 17:00 (GMT, Hora de Lisboa)
A sessão será em Inglês
Evento online, de acesso gratuito, com inscrição obrigatória através deste link
Maya KÓVSKAYA (Univ. de Chiang Mai)
Moderador: Gonçalo Santos (CIAS
/ Sci-Tech Asia / Universidade de Coimbra)
Paradigmas estéticos constituem poder uma vez que eles racionalizam e
legitimam, normalizam e naturalizam certas maneiras de ver e ser, saber e
valorizar. O termo Antropoceno foi originalmente concebido como uma referência
neutra ao recente envolvimento destrutivo e sem precedentes da humanidade na
rede da vida. O prefixo “Anthropos” tem sido justamente criticado por
representar a humanidade como um agente coletivo de destruição ecológica
homogeneizado e universal. Termos alternativos, incluindo Capitaloceno,
Plantationoceno, Chthuluceno, etc., sublinham a diversidade de fatores casuais,
agentes responsáveis, e períodos de emergência. O meu conceito do
Antroposupremoceno é “remendado” (patchy) e refere-se ao paradigma estético
historicamente específico dominante do “Antropos” como “Mestre da Natureza”. O Antroposupremacismo
envolve uma abjeção ontologicamente-constitutiva do animal em relação ao
humano, e uma negação do valor intrínseco do mundo mais-do-que-humano e de
seres e entidades não-humanas. A lógica desta negação radical tem sido
amplamente aplicada para classificar uma miríade de humanos relegados a
categorias hierárquicas, dualistas, de género, e racializadas de “Natureza”
desumanizada e codificada como “menos-do-que-humana”. O Antroposupremoceno
moldou o mundo moderno através de processos macropolíticos de colonialismo
genocida e capitalismo ecocida que estão na origem das perigosas condições ambientais
que estão na origem do termo “Antropoceno.”.
O prefixo Antropos não é um descritor
neutro de uma humanidade que partilha a responsabilidade como espécie pela ruptura
dos sistemas de suporte da vida na Terra que está a causar a Sexta Extinção em
Massa. Em vez disso, o Antropos exemplifica a visão universalizante da “humanidade”
que Sylvia Wynter brilhantemente caracterizou como a “super-representação do
Homem”, em que um “género de humano” particular reivindica supremacia universal
sob todos os outros seres. Para confrontar e remediar este dano, que ameaça a
nossa espécie e uma miríade de outras formas de vida, nós precisamos
urgentemente de desmantelar este paradigma estético – para “perturbar” o
domínio reivindicado do Antropos, descolonizar relações, fazer reparações,
devolver terras roubadas, e desfazer a Antroposupremacia ao mesmo tempo que o
racismo sistémico e a misoginia que lhe subjazem. A arte oferece um espaço para
destruir a doxa da modalidade dominante de ser humano, e imaginar e aplicar
modos não odiosos, não binários, não dualistas, não-específicos de espécie de
ser humana e forjar solidariedades multiespécie genuinamente intersecionais –
rejeitando o paradigma estético subjacente que separa a humanidade dela própria
e do mundo natural, e trabalhando juntos para recuperar, estender, ou
reimaginar visões não tóxicas de como ser humano num mundo mais-do-que-humano
organizado à volta de princípios de mutualismo, simbiose, respeito, reparação,
reciprocidade, “resposta/responsabilidade”, e regeneração.
Relacionado
Gonçalo D. Santos is an Assistant
Professor of Social-Cultural Anthropology in the Department of Life Sciences and a full member of
the Research
Centre for Anthropology and Health (CIAS) at the University of
Coimbra. He held previous positions at the London
School of Economics and Political Science, the Max Planck Institute for Social
Anthropology, and the University of Hong Kong. His research on China explores
new approaches to questions of modernity, moral subjectivity, and social and
technological transformation. He is the author of Chinese Village Life
Today (Univ. of Washington Press, In Press) and the co-editor of Transforming
Patriarchy (Univ. of Washington Press, 2017). He is the founder and the
director of the international research network Sci-Tech
Asia, and a participant in the Initiative
for U.S.-China Dialogue on Global Issues Research Group on Culture and Societyat
Georgetown University.
Gonçalo D. Santos
University of Coimbra
Department of Life Sciences
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