Contra o Paradigma Estético do Antroposupremoceno

Pluralizando o Antropoceno II - Outono 2021

Pluralizando o Antropoceno II

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19 NOV 2021

Horário: 17:00 (GMT, Hora de Lisboa)

A sessão será em Inglês

Evento online, de acesso gratuito, com inscrição obrigatória através deste link

2111 Contra o Paradigma Estético do Antroposupremoceno 19 nov


Maya KÓVSKAYA (Univ. de Chiang Mai)

Moderador: Gonçalo Santos (CIAS / Sci-Tech Asia / Universidade de Coimbra)


Paradigmas estéticos constituem poder uma vez que eles racionalizam e legitimam, normalizam e naturalizam certas maneiras de ver e ser, saber e valorizar. O termo Antropoceno foi originalmente concebido como uma referência neutra ao recente envolvimento destrutivo e sem precedentes da humanidade na rede da vida. O prefixo “Anthropos” tem sido justamente criticado por representar a humanidade como um agente coletivo de destruição ecológica homogeneizado e universal. Termos alternativos, incluindo Capitaloceno, Plantationoceno, Chthuluceno, etc., sublinham a diversidade de fatores casuais, agentes responsáveis, e períodos de emergência. O meu conceito do Antroposupremoceno é “remendado” (patchy) e refere-se ao paradigma estético historicamente específico dominante do “Antropos” como “Mestre da Natureza”. O Antroposupremacismo envolve uma abjeção ontologicamente-constitutiva do animal em relação ao humano, e uma negação do valor intrínseco do mundo mais-do-que-humano e de seres e entidades não-humanas. A lógica desta negação radical tem sido amplamente aplicada para classificar uma miríade de humanos relegados a categorias hierárquicas, dualistas, de género, e racializadas de “Natureza” desumanizada e codificada como “menos-do-que-humana”. O Antroposupremoceno moldou o mundo moderno através de processos macropolíticos de colonialismo genocida e capitalismo ecocida que estão na origem das perigosas condições ambientais que estão na origem do termo “Antropoceno.”.

O prefixo Antropos não é um descritor neutro de uma humanidade que partilha a responsabilidade como espécie pela ruptura dos sistemas de suporte da vida na Terra que está a causar a Sexta Extinção em Massa. Em vez disso, o Antropos exemplifica a visão universalizante da “humanidade” que Sylvia Wynter brilhantemente caracterizou como a “super-representação do Homem”, em que um “género de humano” particular reivindica supremacia universal sob todos os outros seres. Para confrontar e remediar este dano, que ameaça a nossa espécie e uma miríade de outras formas de vida, nós precisamos urgentemente de desmantelar este paradigma estético – para “perturbar” o domínio reivindicado do Antropos, descolonizar relações, fazer reparações, devolver terras roubadas, e desfazer a Antroposupremacia ao mesmo tempo que o racismo sistémico e a misoginia que lhe subjazem. A arte oferece um espaço para destruir a doxa da modalidade dominante de ser humano, e imaginar e aplicar modos não odiosos, não binários, não dualistas, não-específicos de espécie de ser humana e forjar solidariedades multiespécie genuinamente intersecionais – rejeitando o paradigma estético subjacente que separa a humanidade dela própria e do mundo natural, e trabalhando juntos para recuperar, estender, ou reimaginar visões não tóxicas de como ser humano num mundo mais-do-que-humano organizado à volta de princípios de mutualismo, simbiose, respeito, reparação, reciprocidade, “resposta/responsabilidade”, e regeneração.

 

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Gonçalo D. Santos
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Gonçalo D. Santos is an Assistant Professor of Social-Cultural Anthropology in the Department of Life Sciences and a full member of the Research Centre for Anthropology and Health (CIAS) at the University of Coimbra. He held previous positions at the London School of Economics and Political Science, the Max Planck Institute for Social Anthropology, and the University of Hong Kong. His research on China explores new approaches to questions of modernity, moral subjectivity, and social and technological transformation. He is the author of Chinese Village Life Today (Univ. of Washington Press, In Press) and the co-editor of Transforming Patriarchy (Univ. of Washington Press, 2017). He is the founder and the director of the international research network Sci-Tech Asia, and a participant in the Initiative for U.S.-China Dialogue on Global Issues Research Group on Culture and Societyat Georgetown University.

 

Gonçalo D. Santos

University of Coimbra

Department of Life Sciences

Calçada Martim de Freitas

3000-456 Coimbra (Portugal)

Personal Website: https://gdsantos.com/

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