Estas visitas visam proporcionar a partilha de visões sobre a exposição de Christina Kubisch que se cruzam com a investigação artística própria de cada um dos convidados. O programa em torno desta exposição integra ainda um concerto que reúne a apresentação das peças Emergency Solos (solos de flauta de 1974 que são uma referência histórica no trabalho de Kubisch e na performance musical), a interpretação da peça Wien Landstraße (um encontro entre um quarteto de cordas e gravações de campo eletromagnéticas) e a espacialização de uma seleção de peças eletroacústicas.

Após estudos em pintura, música e eletrónica, Christina Kubisch iniciou, nos anos 1970, o trabalho com esculturas sonoras, instalações e composições eletroacústicas que viriam a estabelecê-la como um nome pioneiro no campo da Arte Sonora e uma das artistas sonoras mais célebres da atualidade.

A presente exposição, integrada na programação de projetos contemporâneos de Serralves, inclui as obras: THE GREENHOUSE [A ESTUFA], uma instalação que utiliza a indução eletromagnética, uma técnica que Kubisch desenvolve desde finais da década de 1970 e que permite ao público, munido com auscultadores especiais, ouvir e misturar uma paisagem sonora que circula por cabos elétricos suspensos; BRUNNENLIEDER [CANÇÕES DA FONTE], um trabalho sobre a quietude e o imaginário Romântico onde sons naturais de água têm encontros ocasionais com citações musicais de gravações em vinil de uma canção de Schubert; e as obras ANALYZING SILENCE [ANALISANDO O SILÊNCIO] e SILENT EXERCISES [EXERCÍCIOS SILENCIOSOS], focadas em reflexões materiais e culturais sobre o “silêncio” e que têm como base uma coleção de cerca de 90 gravações das palavras que significam “silêncio” em várias línguas dos cinco continentes.

Cláudia Martinho é artista e investigadora a residir na serra do Gerês, um parque natural e reserva da biosfera em Portugal. Com formação em arquitetura, interessa-se particularmente por ouvir, gravar e criar com som e acústica ambiental e pelos poderes transformadores na expansão dos sentidos e da consciência que daí podem surgir e crescer. A sua prática relaciona-se intimamente com os lugares e geralmente envolve períodos intensivos de pesquisa de campo e gravações locais. Cria experiências auditivas imersivas e prolongadas na forma de instalações sonoras espaciais, composições e performances que exploram e realçam as qualidades e essências vibratórias dos lugares, a presença da água e da vida selvagem. Apresentou projetos em eventos e instituições como TSONAMI Festival de Arte Sonoro (Valparaíso, CL), November Music (Den Bosch, NL), maat – museu de arte, arquitetura e tecnologia (Lisboa,PT), gnration (Braga, PT), simpósio Lugares Invisíveis: Som, Urbanismo e Sentido de Lugar (Açores, PT), Lisboa Soa (Lisboa, PT), Tuned City (Berlim, DE). É co-editora da antologia Site of Sound: of Architecture and the Ear – Vol. 2 e foi co-curadora do Evento 2009/Bordeaux Biennale of Art in Public Space. Como membro fundadora do coletivo Rural Vivo, tem incitado atividades artísticas, educativas e ecológicas na serra do Gerês. Martinho está atualmente envolvida como investigadora do projeto AUDIRE – Audio Repositório: guardar memórias sonoras, Universidade do Minho, PT.