Nos últimos 40 anos, a capacidade de análise dos sistemas naturais aumentou de forma significativa, quer devido ao incremento da quantidade e qualidade dos dados disponíveis, quer devido ao aumento do poder computacional, que se traduziu numa maior velocidade de processamento. Por outro lado, os ecossistemas são hoje entendidos como sistemas complexos, incluindo inúmeras interações entre componentes ambientais, ecológicas, socioeconómicas, culturais e componentes relacionadas com o bem-estar humano (físico, mental e emocional). Simultaneamente, os ecossistemas em geral e os marinhos em particular, encontram-se atualmente sujeitos a inúmeros fatores de perturbação, desde fatores associados a alterações climáticas e eventos extremos (aumento da temperatura, diminuição da precipitação, acidificação dos oceanos, aumento do nível médio do mar, outros) até poluentes de diferentes naturezas (fármacos, plásticos, poluentes orgânicos, nutrientes…), passando por espécies invasoras, entre outros. Se pretendermos preservar os ecossistemas marinhos, e garantir o fornecimento dos serviços de ecossistema a eles associados às gerações futuras, é necessário fazer um uso integrado de ferramentas numéricas e tecnológicas que se encontram atualmente disponíveis e em constante evolução. Através da sua capacidade preditiva, estas ferramentas são fundamentais para o desenvolvimento sustentável dos nossos mares e oceanos.

Nesta conversa, serão abordados modelos matemáticos de organismos e ecossistemas marinhos, modelos hidrodinâmicos e de circulação oceânica, Sistemas de Informação Geográfica (SIGs), deteção remota, e outras ferramentas, que permitem um melhor entendimento sobre os ecossistemas marinhos e, consequentemente, a preservação para as gerações futuras.