É o amor um sentimento natural ou social? Onde começa a noção de moral? Para que serve e a quem serve a verdade? Estas são algumas das questões que estão na origem de um dos mais provocadores filmes de Agnès Varda, um filme muito colorido e acompanhado pelas festivas composições de Mozart, mas onde se esconde, por debaixo dessa “felicidade” de postal, um mal-estar surdo e cruel. Um homem, a sua esposa, os seus filhos, e a natureza. Só que ele conhece, entretanto, outra mulher, que o torna ainda mais feliz. A felicidade soma-se, ama a sua mulher e a sua amante, e não sente que tenha de privar-se, nem esconder, nem mentir. Um dia a esposa morre, súbita e misteriosamente. Mas a vida continua e a felicidade também. É outono, uma bela altura para um piquenique. Desde a sua estreia “Le Bonheur” (A Felicidade) tem permitido as mais variadas leituras interpretações. É uma pastoral? É uma sátira social? É uma crítica aos valores familiares? É uma evocação do amor livre e das relações abertas? É sincero ou irónico? É um filme romântico ou de terror? Talvez seja um pouco de tudo isso…