Vírus e bactérias (também) tornam alimentos seguros

Paula Teixeira

22 OUT 2023 | 11H00

Os alimentos que ingerimos, sejam eles de origem animal ou vegetal, raramente são estéreis. Pelo contrário, contêm comunidades diversificadas de micróbios – microbiota alimentar – compostas, principalmente, por bactérias, bolores, leveduras e vírus. A presença desses micróbios varia ao longo do ciclo de vida dos alimentos e está intimamente ligada ao ambiente e às condições em que são cultivados, processados, armazenados e manuseados.

Sendo consensual que os alimentos nunca foram tão seguros como hoje, não deve, no entanto, ser descurado a realidade de que cerca de 600 milhões de pessoas em todo o mundo – uma em cada dez – ficam doentes por terem consumido alimentos contaminados. A contaminação dos alimentos, para além das consequências para a saúde pública, causa significativos desperdícios alimentares, com impacte social, ambiental e económico.

Mas há boas notícias! Há micróbios bons que trabalham nos bastidores para proteger os nossos alimentos e para mantê-los seguros, podendo mesmo substituir alguns dos conservantes de síntese química frequentemente também utilizados em alimentos. No Laboratório de Microbiologia Alimentar do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Universidade Católica no Porto o controlo de microrganismos indesejáveis em alimentos por outros microrganismos inofensivos, vírus e bactérias, é feito há já alguns anos e até, muitas vezes, parceria com empresas. Nesta conversa serão abordados vários exemplos de sucesso.