Décima nona sessão da Retrospetiva Integral Straub-Huillet, com a projeção dos filmes "Europa 2005, 27 de outubro" (2006), "O Joelho de Artemisa" (2007) e "Itinerário de Jean Bricard" (2007), com apresentação de Paula Pinto.

Europa 2005, 27 Octobre | Europa 2005, 27 de outubro

Jean-Marie Straub e Danièle Huillet | FRA, ITA | 12 min. | 2006

Primeira obra de Straub-Huillet em digital, que também marca o início de uma longa série de filmes de pequena metragem, Europa 2005, 27 de outubro repete duas panorâmicas cinco vezes, mostrando o beco sem saída onde os adolescentes Bouna Traoré e Zyed Benna morreram eletrocutados enquanto fugiam da polícia. O incidente gerou uma série de motins nos subúrbios de Paris. Encomendado por Enrico Ghezzi como uma espécie de sequela para Europa ’51 de Rossellini, o filme não está assinado e funciona como um ciné-tract anónimo. Dez anos depois do incidente, os dois polícias que perseguiram os adolescentes foram absolvidos.

Le Genou d’Artémide | O Joelho de Artemisa

Jean-Marie Straub | FRA, ITA | 26’ | 2007

Regressando a Cesare Pavese e a mais um trecho dos Diálogos com Leucò, O Joelho de Artemisa volta a ser filmado na floresta de Buti, onde o rei Endimião relata um encontro com a deusa Artemisa, terminando com a constatação de que a imortalidade nada mais é do que uma condenação à solidão. O filme é um depurado e indireto gesto elegíaco de Jean-Marie Straub por Danièle Huillet, inclusive acentuado pela última composição musical do filme, de Heinrich Schütz, um lamento pela morte da sua esposa Magdalena.

Itinéraire de Jean Bricard | Itinerário de Jean Bricard

Jean-Marie Straub e Danièle Huillet | FRA | 34 min. | 2007

Estreado juntamente com O Joelho de Artemisa na Quinzena dos Realizadores em 2008, em Cannes, Straub não concebia exibir Itinerário de Jean Bricard sem a companhia do filme anterior, considerando-os “inseparáveis”. Puro filme etnográfico e de paisagem marcada pelas pegadas da História, Itinerário de Jean Bricard revisita uma ilha no rio Loire onde Jean Bricard cresceu durante a ocupação nazi. As vistas desertas da água e da ilha são acompanhadas pela narração de Bricard sobre a paisagem e os percursos da resistência. Danièle Huillet aparece postumamente creditada como corealizadora.