UM FILME FALADO
OU O CINEMA E AS OUTRAS ARTES
Todos os filmes serão apresentados na sua língua original e legendados em português.
Por motivos de força maior o programa poderá ser alterado.
Acesso
Bilhete (1 sessão): 3€
Estudante/Jovem, Maiores de 65 e Amigos de Serralves: 1,5€
O acesso ao Auditório da Casa do Cinema é feito pela Rua de Serralves nº 873, 30 minutos antes do início da sessão.
Oito sessões, nos segundos sábados de cada mês, seguidas por conversas moderadas por Anabela Mota Ribeiro sobre as relações do cinema com as outras artes.
“A casa tem um certo mistério. O meu espírito habitou nela cerca de 40 anos. Viu criar e crescer duas gerações. Amareleceu e enrugou como as folhas das árvores no Outono.” A apresentação da casa é de Manoel de Oliveira e nela cabe uma ideia de tempo cronológico, tempo biológico, tempo imaterial, de “um tempo que foi e um futuro que vai ser passado”. Uma casa é um corpo, um corpo é uma casa, é um mapa onde se desenham órgãos, músculos, tecidos, veias, e mesas, quadros, fotografias de família, escadas, as rosas e as máquinas. Manoel aponta para o lugar onde escreve a planificação dos seus filmes. Os filmes apontam – e revelam – o espírito, a inquietude, o desejo, convocam outras artes, os fantasmas, o enigma, uma noção de transcendência e de pertença – infinitesimal – a um certo contínuo. Naquele espaço conflui um tempo, daquele instante brota uma folha, uma pétala. A ramificação é extensa.
A literatura, o teatro, o pensamento, a música são elementos centrais no cinema de Oliveira. Este ciclo é composto de uma série de sessões nas quais se exploram as relações do cinema com algumas dessas artes (compartimentos, galhos..., para prosseguirmos a metáfora) e se potencia um diálogo de Oliveira com (e a partir de) grandes clássicos da cinematografia mundial. O desenho é simples: oito sessões, subordinadas a temas diversos (arquitectura, teatro, música, fotografia, dança, literatura, pintura e filosofia), discutidos por um grupo de pessoas de diferentes áreas e de diferentes gerações. O programa começa com uma apresentação de 15 minutos por cada uma das duas pessoas presentes, que é um modo de dar a ver e sublinhar sequências, planos, subtexto, linguagem simbólica, seguido de exibição do filme, e por fim discussão entre os dois de cerca de 30 / 45 minutos.
Para cinéfilos mais jovens, o programa permite, além do mais, a descoberta e o encontro em grande ecrã com filmes clássicos e com uma genealogia de autores como Jean Renoir, Visconti ou Mizoguchi na qual Manoel de Oliveira se insere. Na elaboração desta lista de clássicos, tivemos em atenção a sua relação com o cinema de Oliveira, mas, sobretudo, pensámos no modo como neles aparece enfatizada uma determinada disciplina artística, aquela que vai ser discutida pelos participantes. Assim, não é obrigatório que a relação com Oliveira apareça reflectida nos comentários. Excepto, é claro, no filme escolhido para abrir o ciclo: Visita ou Memórias e Confissões (1982-2015). Na escolha dos nomes, a paridade de género e o cruzamento de perspectivas foram uma preocupação; e procurámos vozes originais, estimulantes, fecundas. Modo de concretizar: ciclo de sessões mensais, aos sábados à tarde.
Anabela Mota Ribeiro
Conceção e moderação
PROGRAMA
08 OUT | SÁB | 17H00
CINEMA E ARQUITECTURA
VISITA OU MEMÓRIAS E CONFISSÕES
Manoel de Oliveira
PT | 1982-2015 | 68’
Com Catarina Mourão (cineasta) e Nuno Grande (arquitecto)
12 NOV | SÁB | 17H00
CINEMA E TEATRO
LE CARROSSE D’OR
Jean Renoir
FR, IT | 1952 | 103’
Com Marco Martins (cineasta) e Sara Carinhas (atriz)
10 DEZ | SÁB | 17H00
CINEMA E MÚSICA
SENSO
Luchino Visconti
FR, GR | 1954 | 93’
Com Joana Matos Frias (prof. de Literatura) e Paulo Pires do Vale (prof. e curador)
14 JAN | SÁB | 17H00
CINEMA E FOTOGRAFIA
LA JETÉE
Chris Marker
FR | 1962 | 28’
Com Filipa Ramos (curadora) e Sérgio Mah (curador)
11 FEV | SÁB | 17H00
CINEMA E DANÇA
MODERN TIMES
Charlie Chaplin
USA | 1937 | 87’
Com Cláudia Varejão (cineasta) e Maria José Fazenda (teórica da dança)
11 MAR | SÁB | 17H00
CINEMA E ESCRITA
LETTER FROM AN UNKNOWN WOMAN
Max Ophüls
USA | 1949 | 86’
Com Djaimilia Pereira de Almeida (escritora) e Rosa Maria Martelo (prof. de Literatura)
15 ABR | SÁB | 17H00
CINEMA E PINTURA
LUST FOR LIFE [A VIDA APAIXONADA DE VAN GOGH]
VINCENTE MINNELLI
EUA | 1956 | 122’
Com Marta Mestre (curadora) e Nuno Crespo (crítico de arte e prof. de Filosofia)
13 MAI | SÁB | 17H00
CINEMA E TRANSCENDÊNCIA
A PALAVRA
Carl
Theodor Dreyer
DK | 1955 | 126’
Com Daniel Jonas (poeta) e João Constâncio (prof. de Filosofia)
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Anabela Mota Ribeiro nasceu em 1971 em Trás os Montes. Vive e trabalha em Lisboa.
Fez licenciatura e mestrado em Filosofia na Universidade Nova de Lisboa. No doutoramento, que frequenta, prossegue o estudo do escritor brasileiro Machado de Assis. Foi visiting research fellow da Brown University em 2019.
Publicou os livros “O Sonho de um Curioso” (2003), com 14 entrevistas, "Este Ser e não Ser - Cinco Conversas com Maria de Sousa" (2016), "Paula Rego por Paula Rego" (2016), "A Flor Amarela - Ímpeto e Melancolia em Machado de Assis" (2017), "Por Saramago" (2018) e "Os Filhos da Madrugada" (2021 e 2022).
Jornalista freelance, colaborou com diversos jornais e revistas. É autora e apresentadora de programas de televisão. Os mais recentes: Curso de Cultura Geral (2017 e 2018, RTP2), e Os Filhos da Madrugada (2021 e 2022, RTP3).
Enquanto programadora cultural, colabora com instituições de referência. Entre outros projectos, assinou, com José Eduardo Agualusa, a curadoria da Feira do Livro do Porto em 2017, 2018 e 2020.
É membro do Conselho Geral da Universidade de Coimbra.
Desde 2013 disponibiliza o seu arquivo no site www.anabelamotaribeiro.pt.
Gosta de cinema desde sempre.