A obra mostra quatro figuras articuladas, em ferro, todas ligeiramente curvadas, unidas duas a duas através de uma estrutura inferior presa a uma espécie de caixa de madeira (em forma de túmulo), de onde parecem ter saído. Apesar de não possuírem a complexidade da encenação e o rigor da modelação dos gestos e expressões das esculturas figurativas em bronze que Muñoz realiza precisamente a partir de 1989, esta obra constitui-se como uma espécie de modelo para essas esculturas figurativas posteriores, explorando já um conjunto de características que serão depois nelas ampliadas. Embora articuladas, estas figuras planas sugerem movimento, mas um movimento que é apenas aparente pois na verdade são estáticas, como se imobilizassem um momento que já passou. Muñoz joga assim com uma relação entre ação e imobilidade, ludibriando o espectador e desafiando a perceção que este tem da obra. Como refere o próprio artista, "por um lado, existe a imobilidade da escultura figurativa, que para mim continua a ser um enigma inexplicável. Por outro lado, a representação do movimento e do gesto dentro da imobilidade é um desafio infinitamente fascinante. E a ideia de uma escultura que se move (...) pode criar um momento de espanto”.

Produção: Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto