Roni
Horn (Nova Iorque, 1955) é uma artista norte-americana que vive entre Nova
Iorque e Reiquejavique, na Islândia. Desde muito jovem desenvolveu um profundo gosto
pela literatura e pela filosofia, que antecedeu o seu interesse pelas artes
visuais e que a levou a considerar a sua biblioteca um motor estruturante para
si e para a sua obra. A prática do desenho é central e fundamental no trabalho
de Horn, que também tem vindo a utilizar outros meios, como a escultura, a
fotografia e os livros de artista. As viagens e a imersão na paisagem –
sobretudo a da Islândia – são fundamentais na sua obra, que explora temas como
o tempo meteorológico e a ecologia, a par com a memória, a identidade e a
mutação. A representação do mundo exterior é usada como artifício ou metáfora
para chegar a um espaço interior e mental.
Estas oito fotografias do rio Tamisa fazem parte
do conjunto de 80 que Serralves apresentou na sua exposição individual em 2001
e que foram na altura adquiridas para a Coleção. Em Some Thames [Alguns
Tamisas] (2000-2001), Horn capta momentos do fluxo do rio Tamisa, obtendo um
conjunto de imagens aparentemente abstratas e muito semelhantes entre si. Mas
na verdade são imagens realistas e existem infinitas diferenças entre elas,
ainda que impercetíveis a um olhar menos atento.
Por um lado, esta abordagem encerra uma referência
à experiência e à perceção que cada um de nós tem da passagem do tempo. Por
outro, a água, frequentemente representada ou evocada no trabalho da artista, é
uma alusão à vida, ao corpo, à sexualidade, mas também à morte. Conforme nos
conta a literatura – nomeadamente Charles Dickens e Joseph Conrad –, nas águas
escuras do Tamisa foram largados os corpos de muitos daqueles que sofreram
mortes violentas, como foram muitos aqueles que nelas cometeram suicídio.
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