Mirmidão da Tragédia: Ana Jotta na Coleção de Serralves
A relação de Ana Jotta (Lisboa, 1946) com Serralves é longa. Em 2005 teve a exposição retrospetiva Rua Ana Jotta na Casa de Serralves, que ocupou com uma numerosa e polimorfa seleção de obras, e que foi complementada com a apresentação deste Mirmidão da Tragédia no espaço da Capela. Nessa altura, nove dos elementos que compõem esta obra foram adquiridos para a Coleção de Serralves, permanecendo o único elemento em gesso na posse da artista e um outro numa coleção particular. Dezassete anos passados sobre a primeira e única apresentação desta obra, voltamos agora a reunir as onze máscaras do Mirmidão da Tragédia.
Ana Jotta é autora de uma obra eclética e heterogénea, marcada por uma atitude de liberdade, fortemente ligada à vida do dia-a-dia, por via dos objetos, textos, ideias e, no caso presente, também de músicas, que a artista arrecada e coleciona. Ana Jotta tem um gosto particular pelas artes decorativas, tradicionalmente classificadas como “artes menores” e transporta-as frequentemente para a obra de arte. As máscaras gregas deste Mirmidão da Tragédia podem ser vistas como uma referência às máscaras decorativas de diferentes origens, ainda hoje usadas em algumas casas. Mas são sobretudo, tal como o próprio título indica, uma referência à Antiguidade Clássica e, em particular, à tragédia grega, em que questões fundamentais da Humanidade eram representadas; os “mirmidões” foram os soldados tessálicos que acompanharamAquiles à Guerra de Troia e cujo nome deriva do grego myrmex, que significa ‘formiga’.