LOURDES CASTRO
A VIDA COMO ELA É
A vida como ela é reúne trabalhos de Lourdes Castro (Funchal, 1930 - 2022) realizados entre os anos 1950 e os anos 2000. A prática da artista, que depois de frequentar o curso de pintura na Escola de Belas-Artes de Lisboa se instala em Paris em 1958, será rapidamente integrada (e contextualizada) no movimento nouveau réalisme, que atribuía um papel inédito à relação entre a prática artística e o quotidiano. Um erro, uma imprecisão pelo menos: se o trabalho de Lourdes Castro integra a certa altura quinquilharia desatualizada arrancando-a ao seu destino mais do que provável (o lixo), uniformizados por uma camada de tinta metálica, rapidamente a artista se interessará pelo tema que a acompanhará toda a sua vida: a sombra. Para Lourdes Castro, as sombras — de pessoas, de objetos — são a ligação entre presença e ausência, a fronteira entre materialidade e imaterialidade. A partir desta descoberta construirá uma obra irredutivelmente singular, em que se destacam, nos anos 1960, os trabalhos em Plexiglas — um material que lhe permitia apresentar sombras das sombras — e as sombras deitadas bordadas sobre lençóis e, na década seguinte, os teatros de sombras.
Os cartazes e os livros de artista — assim como a mítica revista KWY — testemunham a importância que Lourdes Castro sempre conferiu aos materiais gráficos que acompanhavam as suas exposições ou que são obras de direito próprio.
Esta exposição integra o Programa de Exposições Itinerantes da Coleção de Serralves que tem por objetivo tornar o acervo da Fundação acessível a públicos diversificados de todas as regiões do país.
Curadoria: Isabel Braga e Ricardo Nicolau
Produção: Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, Porto