Esta instalação sonora oferece uma experiência auditiva de profundidade espacial através da distância. Vendo a altura da escadaria, compreende-se instantaneamente que os ruídos e vozes do rés-do-chão são refletidos no seu topo, regressando ao rés-do-chão. Ao longo do percurso, surgem novos sons: artefactos, ecos, ressonâncias e distorções. A proximidade e o imediatismo da escuta através de auscultadores tornam a comparabilidade plausível: "Qual é a localização do som que estou a ouvir? Quão perto está de mim? Qual é a distância entre o Original e o Eco? Como é que as minhas interpretações se relacionam com o som? De quantas camadas é composto um som? Um som é essencialmente moldado pelo ambiente que o rodeia? Será que cada ouvinte constrói o seu próprio espaço acústico?"

A escadaria da capela da Casa de Serralves torna-se um instrumento que cria, filtra e dá cor ao som. A sua associação ao nosso canal auditivo é óbvia, na medida em que dependendo das frequências de entrada, molda os sinais acústicos e até os produz. Através da audição, exploramos o nosso meio envolvente enquanto realidade sempre permeável a alterações e interpretações ativas.