Veja ou reveja nos links abaixo a série #UmDiaUmFilme, em que
apresentamos mais de quatro dezenas de filmes que consubstanciam o que
podemos designar como o universo cinéfilo de Manoel de Oliveira.
Durante o recente confinamento demos a conhecer diariamente
nas nossas redes sociais um conjunto de
títulos fundamentais que contribuíram para a formação do realizador, filmes
que apreciava particularmente, que o influenciaram ou sobre os quais, nalguns
casos, escreveu, explicitando-se o modo como estes dialogam, direta ou
indiretamente, com a sua obra e o seu pensamento sobre o cinema.
Esta viagem às referências cinematográficas de Oliveira,
contou com um total de 46 títulos de realizadores estrangeiros que marcaram o
cineasta enquanto jovem espetador (nos anos 1920, a idade de ouro do cinema
mudo, e nos anos 1930, correspondentes às primeiras experiências do cinema
sonoro) ou que, noutros casos, o surpreenderam e inspiraram a sua carreira ao
longo de mais de 80 anos.
Começando pelo cinema mudo, esta série deteve-se na obra
de realizadores como Abel Gance, Carl Theodor Dreyer, Charles Chaplin, Dziga
Vertov, Friedrich Wilhelm Murnau, Jean Renoir, Jean Vigo, Joris Ivens, René
Clair, Robert Flaherty, Serguei M. Eisenstein, Vsevolod Pudovkin ou Walter
Ruttmann, autor da sinfonia urbana fundamental, Berlin - Die sinfonie der großstadt (Berlim, A Sinfonia de uma Capital, 1927), inspiração maior
para Douro, Faina
Fluvial (1931). A primeira fase da obra de
Manoel Oliveira define-se por um entendimento do cinema como arte da
montagem, sendo disso exemplo todos os filmes por si realizados ao longo dos
anos 1930 e 1940, filmes que dialogam com o cinema soviético, o
impressionismo francês e o expressionismo alemão.
A partir da década de 1950, o ecletismo dos gostos do
realizador torna-se evidente e começam a surgir nas suas reflexões sobre
cinema várias outras referências, que tanto passam pelo cinema clássico de
Hollywood (com Alfred Hitchcock, John Ford e Orson Welles à cabeça) como pelo
cinema japonês (destacando Kenji Mizoguchi e Yasujirō Ozu), não ficando
igualmente de fora o neorrealismo italiano (Roberto Rossellini, Federico
Fellini, Pier Paolo Pasolini) ou as novas vagas francesas, alemãs,
brasileiras, holandesas ou iranianas (Jean-Luc Godard, Éric Rohmer, Wim
Wenders, Glauber Rocha, André Delvaux, Abbas Kiarostami).
Com esta série pretendeu-se também antecipar, através do
recorte de pequenos excertos selecionados, uma nova publicação que a Casa do
Cinema dedicará à reflexão teórica que – a par do seu cinema propriamente
dito – o realizador fixou por escrito. O livro Manoel de Oliveira: Ditos e Escritos, compilará, assim, diversos textos teóricos e analíticos do
realizador, abrindo pistas sobre o seu entendimento do cinema, o seu percurso
pelas atribulações histórias e estéticas desta arte, e sobre alguns filmes e
cineastas da sua predileção.
Pode ver e rever cada uma destas 46 entradas da rubrica #UmDiaUmFilme, que agora chegou agora ao fim. Navegue na horizontal para ver a lista completa. Em cada filme, acederá a um texto de enquadramento, bem como ao link para o ver na íntegra.
A
prática do documentário (e do filme de metragem curta) na obra de Manoel de
Oliveira concentra-se nas primeiras décadas da sua carreira, com especial
destaque para a sua produção dos anos 1930, 50 e 60. Daí em diante,
ocupar-se-ia, quase exclusivamente, do cinema de ficção em formato de
longa-metragem. Se o documentário não é, por isso, o “género” cinematográfico
mais explorado por Oliveira, certo é também que as suas incursões por esse
modelo fílmico se pautam pelo constante desafio das regras instaladas. Salvo
FAMALICÃO (1940) – mais convencional – todos os documentários de Oliveira fogem
ativamente daquilo a que um documentário costuma parecer (ou daquilo que um
documentário “deve” ser). A encenação é um recurso que se encontra logo em
DOURO, FAINA FLUVIAL (veja-se a sequência do acidente) e que se reencontra,
depois, em todos os filmes seguintes.
A
este propósito, recordamos o texto inédito “Curtas Metragens, Documentários e
Ficções”, escrito pelo realizador em 1995, e que a Casa do Cinema Manoel de
Oliveira dará a conhecer brevemente na publicação DITOS E ESCRITOS, que está
neste momento a preparar. Nele, Oliveira explica que se fala do “documentário
como género específico o que de certo modo nos obriga a distanciá-lo do que se
classificou como documentário romanceado. Creio que isto acontece pela primeira
vez, com NANOOK, O ESQUIMÓ [1922], de Robert Flaherty, onde se integra a ficção
dramática, como elemento ordenador perfeito do desenvolvimento documental da
vida do esquimó.” De facto, Flaherty foi um cineasta marcante para Oliveira,
pelo modo como abordou o documentário e pela sua “visão do mar como espaço que
se perde na escuridão imensa”, que certamente enformaria os vários olhares
sobre o oceano que surgem ao longo de toda a obra do cineasta português.
Veja
o filme NANOOK, de Robert Flaherty, na íntegra aqui: https://youtu.be/z7DZ05IgJOk
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