ADDITIONAL TONES: A TRIBUTE TO MARYANNE AMACHER
Amy Cimini, Bill Dietz, Marianne Schroeder & Joana Gama, Thomas Ankersmit, Lisa Rovner
Relacionado
SISTERS WITH TRANSISTORS
Documentário,
84’, Reino Unido, v.o. inglês, 2020
Argumento
e Realização de Lisa Rovner
Produzido
por Anna Lena Vaney
SISTERS
WITH TRANSISTORS trata da história por contar das pioneiras da música eletrónica, compositoras
notáveis que abraçaram as máquinas e as suas tecnologias libertadoras para
transformar completamente a forma como hoje produzimos e ouvimos música.
A
história das mulheres foi uma de silêncio. Os protestos recentes reivindicando
um maior reconhecimento das conquistas das mulheres estendem-se pela política,
pelo mundo empresarial e até por Hollywood. O campo da música não é exceção.
Clara Rockmore, Daphne Oram, Bebe Barron, Delia Derbyshire, Maryanne Amacher,
Pauline Oliveros, Wendy Carlos, Eliane Radigue, Suzanne Ciani e Laurie Spiegel
encontram-se entre os nomes dos maiores pioneiros do som moderno e a sua
influência continua a ser sentida. No entanto, a maioria das pessoas nunca
ouviu falar delas.
Enquanto
uma das protagonistas deste filme, Laurie Spiegel explica: “Nós, mulheres,
sentíamo-nos atraídas pela música eletrónica especialmente num tempo em que a
possibilidade de uma mulher ser compositora era, em si mesma, controversa. A
eletrónica permitia-nos fazer música que podia ser ouvida por outros sem ter
que ser levada a sério pelo sistema dominado pelos homens.” Tendo o contexto
social, político e cultural mais amplo do século XX como pano de fundo, este
documentário realizado a partir de arquivos revela uma luta de emancipação
única, revelando um papel central das mulheres na história da música.
Com
Laurie Anderson como narradora, a história começa em 1929 em Nova York com
Clara Rockmore, cujas performances a nível mundial ajudaram a estabelecer a
música eletrónica e experimental como uma forma viável no imaginário do
público. Na Greenwich Village dos anos 1950, descobrimos como a primeira banda
sonora inteiramente eletrónica foi composta por Bebe Barron e pelo seu marido
Louis para o filme “Forbidden Planet”. Na Europa do pós-Guerra, onde um grande
número de mulheres foram recrutadas para empregos deixados por homens que foram
lutar na guerra, conhecemos a primeira geração de mulheres que trabalharam na
rádio - Daphne Oram (Reino Unido), Eliane Radigue (França) e Delia Derbyshire
(Reino Unido) - cujas experimentações únicas com fita magnética seriam mais
tarde sentidas nas primeiras experiências sonoras de Les Paul, nas manipulações
de estúdio do produtor dos Beatles George Martin, nos devaneios concretos de
Frank Zappa, no sampling e turntablism dos DJs de hip-hop, de Grandmaster Flash
até Q-Bert. Fora dos limites de instituições famosas como a BBC, compositores
iconoclastas construíam os seus próprios instrumentos feitos com as reservas de
excedentes do exército. A história de um desses compositores, Pauline Oliveros,
leva-nos até São Francisco nos anos 1960 - um epicentro da música experimental
"onde o sintetizador e os loops de fita magnética se cruzavam com
espetáculos de luzes e LSD". Já o trabalho de Maryanne Amacher antecipou
alguns dos desenvolvimentos mais importantes na arte multimédia, na arte sonora
e na instalação.
Enquanto
alguns artistas experimentais exploravam os limites da perceção sonora, outros
levavam a música eletrónica para o mainstream. Em 1968, Wendy Carlos editava o
álbum de grande sucesso ‘Switched-On Bach’, uma coleção de peças de Bach
tocadas num sintetizador Moog, tornando-a uma superstar e ao sintetizador num
instrumento de maravilhamento. Por seu turno, a mestre da eletrónica Suzanne
Ciani fala do seu trabalho com um sintetizador Buchla na composição de bandas
sonoras de anúncios comerciais para televisão e de filmes. Já o visionário
programa de computador Music Mouse de 1986 criado por Laurie Spiegel conta-se
entre um dos primeiros softwares de música disponíveis para consumidores
regulares, dando base à prática da maioria dos produtores que hoje trabalham a
partir dos seus quartos.
Perto
do final do filme, acompanhando imagens novas de algumas destas pioneiras da
primeira vaga, ouvimos como a descoberta destas mulheres impactou e nutriu
mulheres músicas da geração mais jovem contemporânea.
LISA
ROVNER é uma
artista e cineasta radicada em Londres. Os seus projetos, onde se incluem
curtas-metragens, videoclipes, anúncios e exposições de arte, são percorridos
por um fascínio por arquivos, pelo som e por uma aspiração subjacente de
transformar política e filosofia em espetáculo cinematográfico. Rovner
colaborou com alguns dos artistas e marcas mais respeitados internacionalmente,
incluindo Pierre Huyghe, Liam Gillick, Sebastien Tellier, Maison Martin
Margiela e Acne. Os seus filmes foram apresentados internacionalmente em
centros de arte e cinemas. Atualmente, está a desenvolver uma comédia em
episódios sobre o mundo da arte e uma série de televisão sobre arquitetura
revolucionária. SISTERS WITH TRANSISTORS é o seu primeiro documentário
de longa-metragem.