Conversa com a Diretora de Fotografia Sabine Lancelin
Conferência e Cinema
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Horário: 17:00
Sabine Lancelin é uma das mais
experientes diretoras de fotografia europeias, tendo assumido a imagem de
muitos dos filmes mais recentes de Manoel de Oliveira – nomeadamente, Je
Rentre à la Maison (2001), O Quinto Império: Ontem como Hoje (2005), Belle Toujours (2007), Cristóvão Colombo: O Enigma (2008), Singularidades
de uma Rapariga Loura (2009) e O Estranho Caso de Angélica (2011)
– e colaborado com realizadores tão marcantes do cinema contemporâneo como
Chantal Akerman, Alain Guiraudie, Philippe Grandrieux, Raoul Ruiz, Michel
Piccoli, entre outros. Nesta conversa-conferência conduzida por António Preto,
diretor da Casa do Cinema, Sabine Lancelin falará dos desafios que se colocam
hoje à direção de fotografia em cinema partindo da sua prática com alguns dos
realizadores com quem trabalhou e, de um modo particular, das suas colaborações
com Manoel de Oliveira.
No final apresentar-se-á Je
Rentre à la Maison (Vou Para Casa, 2001), o primeiro filme de Oliveira que
contou com a colaboração de Sabine Lancelin. Este filme foi diretamente
inspirado por um incidente ocorrido durante a rodagem do filme anterior, Palavra
e Utopia (2000), em que Manoel de Oliveira convidou o ator Renato De
Carmine para, numa emergência de última hora, substituir Michel Piccoli no
papel do padre Jeronimo Cattaeno. O diálogo era extenso, o tempo para o decorar
era escasso e Oliveira pretendia filmá-lo numa só toma. Apesar de ser um ator experiente,
De Carmine enganou-se repetidamente e, em desespero de causa, abandonou o plateau dizendo: «Ritorno a casa». Impressionando com o drama daquele velho ator,
Oliveira teve imediatamente a ideia de daí fazer um filme. Piccoli, que
involuntariamente fora o causador desta situação, viria a assumir o papel desse
mesmo ator consagrado que, no fim da vida, se vê obrigado a sair de cena em
“Vou Para Casa”.
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Nascida em Kinshasa, na República
Democrática do Congo, em 1959, Sabine Lancelin começa a trabalhar em fotografia
para cinema no final dos anos 1980, inicialmente como assistente, tendo
integrado a equipa de L’Ami de mon amie (1987), de Éric Rohmer, e de Le
Temps retrouvé (1999), de Raoul Ruiz. Terá sido na rodagem deste último,
produzido pelo português Paulo Branco, que Sabine Lancelin começa a ser chamada
a filmar várias das suas produções, nomeadamente La Captive (2000), de
Chantal Akerman, La Plage noire (2001), realizado por Michel Piccoli, e
sucessivos filmes de Manoel de Oliveira. Será pela sua mão que Oliveira
começará a filmar em suporte digital, a partir de Cristóvão Colombo – O
Enigma (2008).