Visitar a Casa de Serralves é fazer uma viagem no tempo: este exemplar único da arquitetura Art Déco remonta aos anos 30 do século XX. Com grande rigor decorativo e qualidade de materiais, a Casa teve a intervenção de nomes significativos da época como Marques da Silva, Charles Siclis, Jacques Émile Ruhlmann, René Lalique e Edgar Brandt.
Fique a conhecer em pormenor a história da origem da Casa que pertenceu ao Conde Carlos Alberto Cabral e a explicação dos pormenores arquitetónicos e decorativos que criam o ambiente único deste lugar.
Com fachada para a rua de Serralves, e entrada principal da propriedade onde se insere pela avenida Marechal Gomes da Costa, a Casa de Serralves é um exemplar significativo do estilo art déco.
Foi projetada e edificada nas imediações do Porto, entre os meados dos anos 20 e os meados dos anos 40 do século XX.
A obra nasceu do sonho de Carlos Alberto Cabral, 2º Conde de Vizela e industrial nortenho abastado. Contactos frequentes com outras paragens da Europa haviam-lhe desenvolvido um gosto porventura mais requintado e mais moderno que o dos cânones vigentes, à época, em Portugal.
Em 1923, herdou da família a quinta do Lordelo, situada no lugar de Serralves, propriedade que alargou por compras e permutas, nos anos subsequentes, em direção ao mar e ao rio Douro, até atingir dimensões próximas do atual.
Carlos Alberto Cabral terá projetado uma moradia para Blanche Daubin, sua futura esposa, e para si próprio, no que fora quinta de veraneio da família: uma nova casa, construída de novo, no lugar onde existira a anterior habitação; um novo parque, envolvendo a casa, sobrepondo-se e pontualmente absorvendo a paisagem do anterior jardim, e estendendo-se a uma área rural confinante, numa alegoria naturalista do viver campestre.
O 2º Conde de Vizela veio habitar a casa com Blanche Daubin em meados dos anos 40. A casa, aberta aos jardins e à luz exterior, comporta, no piso térreo, espaços refinados e convidativos para a festa e o encontro social. No primeiro andar, os espaços íntimos criam um cenário de luxo e requinte. No entanto, o Conde terá vivido aqui relativamente afastado do convívio social e acabaria por vender a propriedade, no início dos anos 50, por dificuldades financeiras. Delfim Ferreira, Conde de Riba d’Ave, também ele industrial têxtil, adquiriu-a aceitando a condição de que a propriedade não seria alterada nem desmembrada.
Autoria do projeto
A autoria do projeto arquitetónico da moradia é controversa. Sabe-se que o nome de Marques da Silva, afamado arquiteto do Porto de então, esteve estreitamente associado à obra, ao longo de todo o seu percurso, embora o cunho dos seus trabalhos de referência seja diferente do gosto patenteado em Serralves. Mas, sabe-se também que terão sido decisivos, para o traçado geral da moradia, os desenhos e alçados do arquiteto francês Charles Siclis, conservados no arquivo da Fundação, nos quais se reconhece a casa efetivamente construída.
Acresce a intervenção dos arquitetos e decoradores da casa Ruhlmann, a quem foi confiado o projeto de interiores e que por essa via terão induzido adaptações exteriores. A articulação dos vários intervenientes terá sido gerida pelo próprio Conde de Vizela, cujo gosto, enquanto encomendador da obra, terá marcado os longos anos da construção e as sucessivas adaptações do projeto.
Eurico Cabral e Mário Cabral, sobrinhos do Conde de Vizela, recordam essas decisões do tio e a sua atitude face à obra:
"O interior é fundamentalmente desenhado pelo Jacques Ruhlman que é um dos grandes mestres dos móveis franceses e da arquitetura de interior.”
"O meu tio tinha uma coisa muito especial... é que ele reunia muitos arquitetos, reunia os decoradores, reunia as pessoas mas tinha sempre a última palavra a dizer.”
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