POETIC JUSTICE

Hollis Frampton

USA | 1972 | 31 min.

LE CAMION

Marguerite Duras

FR | 1977 | 76 min.

Que objeto é esse a que chamamos argumento cinematográfico? Sendo composto por palavras, é essencialmente um objeto literário, mas todo ele se constrói a favor de um entendimento da imagem e dos sons que a deverão acompanhar (diálogos, banda-sonora, etc.). Essa qualidade intermédia entre a escrita e a imagem em movimento, dá-lhe uma qualidade híbrida e incerta que esta sessão procura problematizar. O cineasta experimental norte-americano Holis Frampton propõe reduzir o filme ao seu argumento, ou, inversamente, elevar o argumento ao estatuto de filme. Poetic Justice é simples: uma câmara filma o argumento de um filme, página a página, em silêncio – cabe ao espectador realizar o filme na sua imaginação. De forma semelhante, Marguerite Duras convida o ator Gérard Depardieu a ler, com ela, o argumento de um filme que ela não conseguiu filmar doutro modo. A história de Duras retrata o encontro entre uma rapariga à boleia e um camionista. A leitura é ocasionalmente interrompida por comentários sobre as personagens, entrecortada com imagens de um camião. Mas não há qualquer forma de interpretação, apenas leitura.

Filmes apresentados no contexto do ciclo Domingos na Casa do Cinema: Cinema e Literatura, programado em paralelo à exposição O Princípio da Incerteza: Manoel de Oliveira e Agustina Bessa-Luís.