Álvaro Lapa (Évora, 1939 – Porto, 2006) concretiza a sua formação académica por via da filosofia: é na qualidade de professor de Estética na Faculdade de Belas Artes do Porto que — a partir de 1976 e durante mais de duas décadas — vai deixar uma marca indelével em gerações consecutivas de artistas.

Resistindo às sucessivas “mortes da pintura”, aos movimentos de moda que a reinscrevem ciclicamente na atenção generalizada da crítica e do mercado, o seu é um corpo de trabalho que, ao longo de quarenta anos, se reinventa constantemente numa austeridade e exigência que criam um território onde a visão e o pensamento se tornam indissociáveis. Para Álvaro Lapa a pintura não é uma vocação disciplinar, antes um meio — tal como a escrita — para uma inscrição no campo alargado da cultura, com constantes remissões ao território da filosofia e da literatura.

Álvaro Lapa é uma referência incontestável no contexto português, não só pela originalidade de uma linguagem plástica onde a palavra assume uma importância única, como pela libertação que convoca dos modelos convencionais.

A exposição, com curadoria de Miguel von Hafe Pérez, integra o Programa de Exposições Itinerantes da Coleção de Serralves que tem por objetivo tornar o acervo da Fundação acessível a públicos diversificados de todas as regiões do país.