Interconectados. 100 anos do Parque de Serralves

Raízes comuns

O conceito de interconexão de todos os seres vivos é uma crença fundamental encontrada em muitas culturas e tradições espirituais em todo o mundo. O princípio, que o conhecimento científico consagra, enfatiza que toda a vida está interligada e é interdependente, formando uma rede complexa e intrincada de relações entre humanos, animais, plantas, o meio ambiente e o cosmos.

O centenário do Parque de Serralves resulta da evocação da herança da Quinta do Lordelo pelo 2º Conde de Vizela em 1923. Foi a partir daí que adquiriu a atual configuração. Na sequência da iniciativa de renovação dos jardins, convidando para o efeito o arquiteto Jacques Gréber, foi desenhada a atual Alameda dos Liquidâmbares, constituindo o elemento mais icónico do Parque. As árvores, de nome científico Liquidambar styraciflua, foram importadas da América, de onde a espécie é originária.

Nalguns mitos nativos americanos, o liquidâmbar, ou árvore da goma-doce (Sweetgum tree), está associado a histórias de criação e à personificação das forças vitais. É considerada um símbolo do equilíbrio, da cura e da interconexão de todos os seres vivos.

No caso de Serralves, os liquidâmbares e o Parque estão essencial e inexoravelmente interconectados. Liquidâmbares e Parque têm raízes comuns, a partir delas tudo aconteceu nos últimos cem anos. Juntos, convocam algo telúrico, seduzem-nos, envolvem-nos e transformam-nos como seres interconectados.

A exposição Interconectados. 100 anos do Parque de Serralves, é dedicada à história centenária do Parque de Serralves, contando o seu percurso institucional, ilustrando a evolução dos espaços em que se organiza, captando as espécies que o habitam, resgatando as memórias dos que por aqui têm passado e, sobretudo, acompanhando a vida que o compõe.

De alguma maneira, a exposição é sobre a história de vida dos liquidâmbares da Avenida, que, na sua maturidade e altivez, continuam, enraizados e vigilantes, a inspirar a vida do Parque e a de todos que o visitam. É uma homenagem ao que representam, claro.

Curadoria

Maria Fernanda Rollo

Inês José

Design e produção

Pedro e Sara Gonçalves

Vídeo

Telmo Martins

Ilustrações

Luís Taklin