Celebrando 97 anos, Frank Gehry é amplamente reconhecido como um dos grandes mestres da arquitetura contemporânea e figura central do movimento desconstrutivista, teorizado por Jacques Derrida. A dimensão escultórica da sua obra manifesta-se desde a infância, quando, inspirado pela loja de ferragens dos avós, começou a construir pequenas cidades e casas imaginárias com materiais reutilizados — um gesto inaugural da liberdade formal que marcaria toda a sua carreira.

A sua residência em Santa Mónica (1978) é um dos primeiros exemplos desse experimentalismo arquitetónico, que rompia com convenções estruturais e estéticas. O reconhecimento internacional viria com o Prémio Pritzker, em 1989, ano da inauguração do Vitra Design Museum, onde estabeleceu contacto com Álvaro Siza, com quem viria a colaborar no Art Center College of Design, em Pasadena (2000).

O chamado “efeito Bilbau”, resultante da abertura do Museu Guggenheim em 1997, transformou Gehry num símbolo da arquitetura enquanto agente de regeneração urbana e cultural, conduzindo à criação de projetos emblemáticos, como o Walt Disney Concert Hall, a Beekman Tower, a Fundação Louis Vuitton e o Museu Guggenheim Abu Dhabi.

A exposição O Século de Gehry, organizada em parceria com o Getty Research Institute e o FOGA, apresenta uma seleção de 26 projetos fundamentais da sua carreira. Parte deste espólio — nomeadamente os projetos realizados até 1988 — pertence ao arquivo do Getty Research Institute, enquanto os restantes provêm diretamente do atelier do arquiteto, que conceberá uma instalação especial para a Ala Álvaro Siza, sublinhando o diálogo entre dois dos maiores nomes da arquitetura mundial contemporânea.