Reconhecido pela sua abordagem filosófica e pelos seus processos artísticos não convencionais, Lee Ufan (n. 1936, Coreia do Sul) explora nas suas obras a relação entre o espectador, o objeto e o espaço que ambos habitam. A sua prática, que abrange pintura, escultura e instalação, reflete um diálogo entre pensamento oriental e ocidental, privilegiando o silêncio, o tempo e a perceção.

Figura central do grupo japonês Mono-ha (Escola das Coisas), fundado no final da década de 1960, Lee Ufan foi o seu principal teórico e praticante. O movimento rejeitava a representação e defendia a experiência direta da matéria e do espaço, criando obras a partir de materiais naturais e industriais, com mínima intervenção. Paralelamente, a série Relatum, iniciada em 1968, tornou-se a expressão mais duradoura do seu pensamento — uma investigação contínua sobre as relações entre gesto, gravidade, equilíbrio e presença.

Ao longo de seis décadas, Lee desenvolveu uma obra profundamente meditativa, em que cada traço ou elemento material é um acontecimento no tempo e no espaço. A exposição em Serralves — a primeira grande apresentação do artista em Portugal — ocupará a Casa e o Parque, propondo um diálogo entre arquitetura, paisagem e escultura. Através da simplicidade e da contenção formal, Lee convida o público a uma experiência de contemplação ativa, reafirmando o poder da arte como encontro entre matéria, pensamento e natureza.