CORPO | UMA TOPOGRAFIA SONORA
de Fernando Mota
Ricardo Raminhos
“CORPO | uma topografia sonora” é uma instalação que cruza e confunde matérias e sons do mundo animal, vegetal e mineral na criação de esculturas sonoras tocadas pelo público. Desenvolvida a partir de materiais naturais recolhidos no Parque de Serralves, a obra funciona como um todo dividido em três partes distintas, cada uma delas representando um espaço cénico no qual o protagonista é o visitante. Algumas das peças só se manifestam verdadeiramente com a sua ação.
"Eu sei, as palavras tecem ainda outros significados, mas, quando digo corpo, quero significar o cosmos"
Alberto Carneiro
“CORPO | uma topografia sonora” é acerca de como os átomos dos nossos corpos vêm de estrelas longínquas, corpos de animais já extintos, plantas que desconhecemos. Somos feitos da terra a que chamamos de planeta. Os nossos corpos farão parte de outras existências que ainda não o são mas fazem já parte da nossa. “CORPO” é um jogo poético que torna audível o que é matéria e torna visível o que é vibração. Árvores com voz de mulher, raízes com pulsação cardíaca, ramos que nos sussurram palavras ao ouvido.
"Não há oposição entre o vivo e o não vivo. Todo o ser vivo não apenas está em continuidade com o não vivo, mas ele é seu prolongamento, sua metamorfose, sua expressão mais extrema. A vida é sempre a reencarnação do não vivo, a bricolagem do mineral, o carnaval da substância telúrica do planeta"
in Metamorfoses, de Emanuele Coccia
Fernando Mota
Compositor, músico, performer e artista multidisciplinar. No seu percurso tem vindo a desenvolver uma linguagem multidisciplinar, juntando a música, o teatro, as artes visuais e a poesia na criação de objetos de naturezas diversas como espetáculos, instalações, filmes e edições várias. O seu universo resulta do cruzamento de diversas linguagens, geografias e ferramentas bem como da constante exploração sonora e da construção de instrumentos musicais experimentais e objetos sonoros. Compõe regularmente música para teatro, dança e cinema de animação, tendo colaborado com diversos diretores, companhias e produtoras. No início de 2020 começou um ciclo de criações à volta das possibilidades expressivas e simbólicas dos elementos e espaços naturais, com instrumentos musicais e objetos sonoros construídos a partir de árvores, pedras, água, terra e outras matérias. Neste contexto criou o Concerto para uma Árvore, seguido por 7 Poemas para um Mundo Novo, um conjunto de sete curtas metragens que dirigiu com o realizador Mário Melo Costa, a partir de textos inéditos de Andreia C. Faria, António Barahona, Joana Bértholo, José Luís Peixoto, Marcos Foz e Vasco Gato e um poema de Mário Cesariny, inspirados na pandemia e no Mundo que viria a seguir. Em 2021 estreou o espetáculo Passagem Secreta, com texto de Vasco Gato, a partir da pesquisa acerca do sistema de comunicação das árvores através das raízes e dos conceitos de pertença e comunidade. Em 2023 dirigiu do Princípio do Mundo, um projeto criado em sete residências artísticas em diferentes regiões de Portugal, que cruzava a música e a pesquisa sonora com as artes visuais, resultando num concerto, numa instalação audiovisual e num passeio sonoro em cada um dos sete locais. Cada criação foi desenvolvida a partir da pesquisa dos elementos naturais de cada local. Em 2024 encontra-se a apresentar o espectáculo Sursum Corda | através de tudo, no qual aprofunda a colaboração com o músico José Grossinho na relação dos seus instrumentos e objetos com a informática musical e com a utilização de sensores de toque na relação com o público. Desenvolveu com Vasco Gato e Mário Melo Costa o livro CD Instrumentária Poética, reunindo textos, imagens e peças sonoras relativos a esta fase de criações.
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